[RESENHA] EU SOU O MENSAGEIRO, de
MARKUS ZUSAK

Ano de lançamento: 2007
Editora: Intrínseca
Páginas: 318
Nota: 5/5

"Às vezes as pessoas são bonitas. 
Não pela aparência física. 
Nem pelo que dizem. 
 Só pelo que são. (pág. 199)" 

Para aqueles que me conhecem, sabem o quanto gosto do livro "A Menina Que Roubava Livros". É uma escrita fantástica de uma história extraordinária. Apesar disso, de todo sucesso que o livro fez, "Eu Sou o Mensageiro", conseguiu me cativar ainda mais. Não à toa, esta é a segunda vez que o leio. Em alguns aspectos, me lembrou muito o filme "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain". 

O livro conta a história de Ed Kennedy. Um rapaz de 19 anos, taxista que se auto define como: “vagabundo das redondezas. Modelo de mediocridade. Um desastre sexual. Péssimo jogador de cartas. E agora, pra completar, imã que atrai merda.”

Quando não está trabalhando, passa as horas tomando café com seu cão, Porteiro, ou jogando cartas com seus amigos. Ah, ainda é apaixonado por Audrey, uma amiga que já deitou com todos da redondeza. Menos com ele. 

Sua vida caminhava pra um desfecho banal, quando, num rompante de bravura (será?) ele impede um assalto. Tempos depois passa a receber cartas de baralho pelo correio, e nessas cartas, existem informações para que Ed faça determinadas tarefas.

O livro é escrito de uma forma muito bem humorada. A linguagem usada por Zusak, é bem simples, tudo muito leve e fluído. É possível que o uso de gírias e palavrões afaste o leitor mais casto, já, por minha parte, adorei.

As mensagens que Ed recebe (sempre em uma carta de baralho, mais precisamente em um “Ás”), são basicamente estímulos para que ele saia da apatia na qual se encontra. Pelo que vemos nas primeiras páginas, mesmo tendo todo potencial do mundo, Ed se acostumou com pouco – e não me refiro a questões financeiras, o livro vai mais além. Leia, e saberá do que estou falando.  

O modelo automático no qual ele leva sua vida pode ser reflexo daquilo que muitos de nós somos: talentos desperdiçados. Não por falta de oportunidade ou opções, mas sim pela simples e trágica apatia. Toda vez que Ed realiza algo, ele vê que, mesmo sendo menosprezado pela família e até por ele mesmo, conseguiu mudar a vida de muitas pessoas, inclusive a dele mesmo sendo impossível continuar sendo “só o Ed”.
Os diálogos que ele tem com seu cão, Porteiro, são muito hilários e, confesso, me vi nesses casos pois faço isso com meus dois cachorros. 

Não vou me aprofundar muito nas missões de Ed pra não spoilerizar demais, porém, vale citar que a maioria delas é de encher os olhos. Não dá pra passar ileso lendo cada linha de seus êxitos sem sentir-se um pouco melhor e, paradoxalmente, um pouco mal por saber que às vezes, só um sorvete ou uma caixa de sapatos vazia pode fazer muito pra quem recebe. Você ri e chora junto com Ed.

Afirmei no início deste post que este é o livro de Zusak que mais gosto. Digo isso porque enquanto o lia, à todo momento a ânsia, o afã de me tornar alguém melhor esteve presente. E como disse antes, em muitas ocasiões não precisa-se de muito esforço, só um pouquinho de atenção. A exemplo de “A Menina Que Roubava Livros”, este me emocionou muito. Mas, de uma forma mais intensa e forte. É como se o Ed que vive em mim (EM NÓS), quisesse arrebentar os grilhões que o mantém preso e sair por aí espalhando bondade pra todos. Ou melhor, a mensagem.  

"É inegável como a verdade pode ser brutal às vezes. Só dá pra admirá-la. Geralmente passamos a vida acreditando em nós mesmos. “Eu tô bem”, dizemos. “Tá tudo bem”. Mas às vezes a verdade pega no pé e não tem santo que a faça desgrudar. É aí que percebemos que às vezes ele nem chega a ser uma resposta, mas sim uma pergunta. Mesmo agora, estou aqui pensando até que ponto minha vida é convincente. (Pág. 270) "  

Boa leitura. 


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