Editora: Objetiva
Páginas: 505
Nota: 5/5
"Os bons pássaros podem voar;
os maus meninos devem morrer.
Esta é sua última chance: volte para casa!"
(pág. 380)
"Vá então, há outros mundos além desse"
(O Pistoleiro)
Jack Sawyer, um garoto
de doze anos, precisa viajar até o oeste dos Estados Unidos pra encontrar algo
chamado Talismã. Este artefato, pode salvar a vida da mãe de Jack que está
morrendo. Mas ele desconfia que algo maior que isso esteja em jogo e que pode ser
decisivo para o destino do universo.
Durante sua jornada,
Jack acaba descobrindo que seus sonhos de olhos abertos eram reais e que
realmente, existe outro lugar além da realidade que ele vive: os Territórios. E,
viajando entre os EUA e os Territórios, Jack vai passar aventuras que deixariam
qualquer adulto em uma catatonia dilacerante.
Talvez, no espectro de
livros que já li, Jack seja o personagem infantil mais corajoso, leal e
apaixonante que encontrei. É difícil, após o final do livro, acreditar que a odisseia
de Jack acabou. Foram inúmeras situações em que imaginei-me ajudando ele, o
consolando ou, apenas rindo junto. Jack, é daqueles personagens que fazem a
gente querer ser melhor e mais corajoso. É daqueles que te mostram que se temos
um propósito, temos de seguir em frente, independente dos nossos medos.
Outros tantos
personagens foram muito bem criados. Os vilões Morgan e Osmond, são de gelar a
espinha e ficar com raiva ante a crueldade e loucura desses megalomaníacos;
Richard e Speedy são amigos de Jack. Enquanto o primeiro vive em absoluto
desconhecimento do que realmente está acontecendo, o segundo é um alento de
tranquilidade perante os momentos ignóbeis que Jack precisa passar. Mas, um
personagem específico faz você lembrar-se de seus verdadeiros amigos que teve
na infância e, se não teve, faz você quere ter tido: Lobo.
Lobo (Lobo, oh Lobo - aqui e agora) é alguém leal a seu amigo. Inocente e carismático, o afeto que o
personagem (uma espécie de lobisomem) desperta é de encher os olhos. Se o livro tivesse sido um sonho que eu
tive, Lobo (Lobo, oh Lobo), seria o arquétipo quase utópico da amizade. E,
talvez esta seja a mensagem mais importante do livro: a importância da amizade.
A narrativa, feita a
quatro mãos, deixa bem claro o estilo dos autores: os personagens muito bem
descritos e o tom sombrio são marcas
registradas de King. Já, os lugares bem descritos que parecem reais ficam a na
conta de Straub. A parceria deu tão certo que rendeu um bis, A Casa Negra.
Vi, em alguns sites,
que muitos não gostaram do livro. Eu adorei. A narrativa é coesa e me instigou
a seguir as páginas num paradoxo onde eu queria terminar mas não queria que a
história se findasse. Sem sombra de dúvidas, figura em um dos melhores livros
do gênero que já li.
Só pra finalizar, pra
quem já leu a série “A Torre Negra”, sabe que King juntou várias partes de
outros de seus livros pra formar o vasto multiverso que está presente na obra. São
muitos conceitos e personagens que foram transportados de outras histórias para
a grande saga do homem obcecado em encontrar o nexo do tempo/espaço. Então, é
evidente que Jack Sawyer é Jack Chambers. A mesma bravura, a mesma coragem e o
mesmo carisma. Mas não foi só isso que King levou d’O Talismã para Torre Negra.
O conceito de multiverso e, algo que seja o nexo do espaço também veio dali
(afinal, como disse Jack Chambers, "há outros mundos além desse"): é o talismã
que Jack Sawyer tanto precisa encontrar. Quando percebi isso, foi como a
sensação de ter decifrado a pedra de roseta. Algo indecifrável que trouxe mais
prazer em ter lido O Talismã.
Um ótimo livro. Pra
quem é fã de Straub e de King, é uma leitura indispensável.
Boa leitura.
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