[RESENHA] O SILÊNCIO DOS INOCENTES, de THOMAS HARRIS

Ano de lançamento: 1988
Editora: Record
Páginas: 318
Nota: 5/5
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"...Vocês trocaram o bem e o mal pelo

behaviorismo. [...] Nada mais é culpa de ninguém.

Olhe para mim, policial Starling. Você pode afirmar

que eu sou... mal? Por que ele arranca a pele

 das mulheres? Eu sou mal, policial Starling?"
(pág. 30)


Quando pensamos em serial-killers dentro da literatura, é quase inevitável que o pensamento nos remeta a Hannibal Lecter:   psiquiatra, serial-killer, canibal. Não é sempre que a literatura consegue tornar um personagem tão marcante, principalmente se tratando de um vilão. Esta não é a primeira vez que somos apresentados a Hannibal. Já havia aparecido antes no livro Dragão Vermelho, do mesmo autor. Mas, em grande parte, pelo sucesso do filme e, principalmente, pela fantástica interpretação de Anthony Hopkins na adaptação cinematográfica de 1991, Hannibal talvez seja o vilão mais famoso da literatura.

Mas o livro não se resume as artimanhas do dr. Temos também uma personagem feminina forte, decidida, inteligente, que apesar de seus medos, consegue dar cabo de sua missão e cativar o público: Clarice Starling.

O mote do livro é o seguinte: Clarice Starling, estudante do FBI, é convocada por Jack Crowford para ajudar na investigação do assassino serial Bufalo Bill. Um homem que já matou cinco mulheres e tem como característica, arrancar a pele de suas vítimas. Crowford envia Clarice até o centro psiquátrico onde Hannibal está preso na tentativa de que o doutor possa ajudar nas investigações. Juntos, mas nem sempre com o mesmo objetivo, Clarice, através de Hannibal, tenta traçar um perfil psicológico de Bufalo Bill e, quem sabe assim, capturá-lo.

Como disse acima, Hannibal acabou sendo o principal personagem do livro. O notável serial-killer mais conhecido como canibal é astuto, frio, inteligente e adora seus joguinhos psicológicos. Acaba ficando fascinado com Clarice e  "entra" na mente dela trazendo à tona seus medos e angústias.

Apesar de vários outros personagens bem construídos e desenvolvidos como Bufalo Bill: uma psique sofrida, triste e violenta. E a trama envolvente cheia de suspense, é nos diálogos entre Clarice e Hannibal que reside os melhores momentos do livro. A forma como o autor estabelece a relação entre os dois é primorosa e por vezes, o encanto de Hannibal nos faz esquecer quem ele é, um assassino frio, e torcemos para que consiga sua tão sonhada janela com vista para o mar.

Um ponto sutil, mas que está presente em quase todo o livro, foi como os outros personagens  enxergavam Clarice. Sempre sendo observada como um pedaço de carne a ser devorado por homens famintos, o autor mostra como é o mundo policial (e todo o resto) para as mulheres que almejam algo além na vida, sempre tendo  que lidar com a ideia de homens que as vêm apenas como objeto sexual. Mais um ponto para Thomas Harris.

Também vale ressaltar que Harris nos mostra que nos jogos de poder, a mesquinhez de alguns pode vir antes de qualquer coisa. Mesmo que vidas estejam em rico.

É impossível não falar sobre o filme homônimo dirigido por Jonathan Demme (Philadélphia) com Anthony Hopkins e Jodie Foster nos papéis de Hannibal e Clarice respectivamente. Muito bem avaliado pelo público e pela crítica, o filme faturou cinco Oscars: o de melhor ator (Hopkins), melhor atriz (Jodie), melhor filme, melhor roteiro adaptado e melhor diretor.  É um filmaço. As interpretações de Jodie e principalmente de Hopkins estão formidáveis fazendo jus aos personagens literários.

Se você viu o filme, não deixe de ler o livro. É uma obra fascinante.

Boa leitura.  
    

    


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