[RESENHA - HQ] SANDMAN: PRELÚDIOS E NOTURNOS, de NEIL GAIMAN

 Ano de Lançamento: 1989
Editora: DC Comics
Nota: 5/5


"...Eu sou a anti vida, a besta do julgamento. Eu sou a escuridão no fim de tudo. O fim dos universos, mundos... 
...De tudo!!!
E o que é você então, Mestre dos Sonhos?"

"Eu sou a Esperança."


Quando comecei a fazer esta resenha, tive uma dúvida imensa de onde começar. Nunca tive o hábito de ler HQs. Na verdade, quando eu era guri, li algumas histórias em quadrinhos mas foi coisa de éons atrás. Entretanto, movido pela onda de adaptações cinematográficas de HQs, fiquei com muita gana de destrinchar tal literatura. Isso já faz alguns anos. Este ano, enfim, consegui sair da apatia e me pus a ler HQs. 

Resolvi começar  por uma das obras mais aclamadas e respeitas: Sandman, do gênial Neil Gaiman. E vos informo que é algo excepicional.

Depois de Neil tentar escrever histórias de vários personagens dos quadrinhos, finalmente permitiram escrever sobre Sandman, personagem criado na década de 40. Mas o personagem de Gaiman é totalmente diferente do que já se havia feito.



Sandman, dentro do universo criado por Gaiman é o governador do sonhar. É a representação  antropomórfica do sonho.  Ele faz parte de uma família de sete seres que representam aspectos da essência do universo conhecidos por Perpétuos. Cada um comanda um aspecto do universo. Os sete Perpétuos são: Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio.


Sandman, assim como os outros Perpétuos, estão em todo o universo. Existem desde a aurora dos tempos. Neste primeiro Arco, "Prelúdios e Noturnos" pouco ou quase nada é explicado sobre eles. Se não me engano, o único outro Perpétuo que aparece é a Morte. Por conta disso não vou me delongar a falar muito sobre eles. 

Neste arco vemos Sandaman, (conhecido também por outros nomes como Morpheus) ser aprisionado( num ritual místico de uma ceita ocultista) por engano, pois o Mago queria aprisionar a irmã de Morpheus, a Morte. Por um motivo que não é explicado, Sandman estava enfraquecido e por isso foi facilmente aprisionado. Além disso, Burges e sua seita, roubam os três artefatos de poder de Morpheus: a Algibeira, A Máscara e o Rubi. Morpheus ficou aprisionado por 70 anos.

Vale frisar que por conta do aprisionamento do Senhor do Sonhar, o mundo vira um pandemônio. As pessoas são acometidas por insônias permanentes e, aqueles que conseguem dormir, simplesmente não acordam mais.  Esta parte é muito interessante porque Gaiman foca em algumas pessoas e conta como foi a vida delas até Morpheus conseguir escapar e, finalmente conseguirem despertar do sono profundo.


Por um vacilo de personagem X, ele consegue sair da prisão mística em que estava preso e retornar para o seu reino, a dimensão do Sonhar.

Este primeiro Arco, Prelúdios e Noturnos, vemos Morpheus indo atrás de  seus objetos mágicos, reconstruir seu reino e, é claro, se vingar das pessoas que lhe aprisionaram. 

Alguns outros personagens da DC aparecem na história. Confesso que quase me gozei quando John Constantine apareceu. 

Pra evitar de spoileisar demais a resenha, vou contar aqui três partes deste primeiro Arco que foram muito, mas muito fodas.

A primeira é quando Morpheus desce até o inferno pra conseguir recuperar um de seus objetos. Não esqueçamos que Sandman ainda está enfraquecido. Lá ele aceita um desafio que pode ter consequências trágicas para o personagem. Esta parte é simplesmente genial. Diferente do que eu esperava, nosso personagem mostra toda seu poder e talento através, unica e exclusivamente das palavras. Simplesmente demais. No Inferno, vemos também como Morpheus pode ser vingativo. É no inferno que nos é apresentado uma figura extraordinária do universo da HQ: Lúcifer.

A outra parte que gostaria de salientar, é quando Sandman vai a um determinado lugar pra recuperar outro de seus objetos de poder que se encontra em posse de Jon Dee (Dr. Destino). Esta cena, talvez, evidência toda a loucura, terror, complexidade, magia,obscurantismo e onirismo  (e todos os outros adjetivos que você souber) presente nesta obra prima de Gaiman. 


O outro ponto mother fuckher" que quero salientar, é quando outro Perpetuo aparece: a Morte A representação da personagem Morte é algo completamente inusitado. Ao invés daquela figura fúnebre e macabra ou ainda, aquela caveira segurando uma foice com o corpo coberto por uma túnica, a morte de Gaiman é representada por uma jovem (jovem?) e bela garota. Com uma roupa que evoca um estilo gótico, com um senso de humor bem apurado. Devo lhes confessar que gostei muito da personagem.  

Não foi por acaso que Sandman figura no panteão de melhores HQs da histórias - é uma das quatro HQs a figurar na lista das 1oo melhores novelas do século do "The New York Times". São muitos conceitos, ideias e representações que, possivelmente, só haviam sido apresentadas nas edições de Michael Moore do Monstro do Pântano

A arte gráfica das HQs é algo impressionante. O aspecto lúdico das capas é totalmente é sensacional. 


Sandman também é cheia de referencias como, por exemplo, quando um dos personagens que roubou um dos objetos de poder de Morpheus é levado para um asilo. Adivinhem qual asilo: Asilo Arkham. E, estando lá, ele encontra-se com outro personagem, famoso em HQs e, temos uma fala que veio direto da terra de "O Mágico de Oz" dita por Dorothy: "não há lugar como o lar". 

Poderia ficar me delongando por linhas e mais linhas aqui só tecendo elogios sobre Sandman. Mas não posso terminar sem antes comentar os aspectos e referências místicas da obra.

Um dos personagens que usurpou um dos objetos que encerram grande parte do poder de Morpheus, John Dee, foi um ocultista famoso lá pelos idos do séc. XVI na Inglaterra, se não me engano.  O demônio Choronzon que participa de um dos momentos mais fantásticos da obra, foi uma entidade descrita por John Dee. Claro, não podemos esquecer da descida do senhor do sonhar ao inferno e a apresentação do triunvirato que comanda o local: Lúcifer, Belzebu e Azazel.

Se tiver a oportunidade, não deixem de ler esta obra prima.

obs.: Sandman foi originalmente publicada de 1989 até 1996 contabilizando 75 edições. As edições são separadas por arcos. Prelúdios e Noturnos vai da edição 01 até a edição 09. 









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