Mostrando postagens com marcador suspense. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador suspense. Mostrar todas as postagens

[RESENHA] O Tribunal das Almas, de Donato Carrisi



Donato Carrisi já havia me surpreendido de forma espetacular com seu livro "O Aliciador" .E pelo que pude notar agora lendo O Tribunal das Almas, posso afirmar com total tranquilidade que o autor é um dos que melhor consegue criar suspense e surpresas na literatura atual. Todas as informações que são largadas durante a narrativa, mesmo que pareçam avulsas, são aproveitadas de forma ímpar pelo autor culminando com um final que te deixa de queixo caído te fazendo pensar apenas isso: o yeah, o yeah, oooo yeah!!!

Neste thriller de suspense somos apresentados a Marcus. Um homem que não recorda nada do passado mas que possui um dom excepcional de perceber pequenos detalhes despercebidos. Nosso Walter Sparrow faz parte de uma organização secreta, os Penitenciarios, que costuma investigar e solucionar crimes aparentemente insolúveis. É o caso do desaparecimento de Laura que após chegar em casa some sem deixar qualquer rastro com um detalhe intrigante: a porta estava fechada por dentro. Paralelamente a isso, outros casos vão acontecendo que levam nosso Sherlock a perceber uma trama intrincada com um final de te fará cair da poltrona...

Desde as primeiras páginas, quando uma médica socorrista é acionada pra salvar um homem que ela acaba descobrindo que foi o meliante responsável por, no passado, sequestrar e matar sua irmã, o livro já consegue te prender com uma escrita eletrizante – mas não apressada – cheia de migalhas que vão te forçando a liga-las pra tentar entender o que está acontecendo. E neste caminho perigoso, pessoas acabam se encontrando e descobrindo que esses crimes tem uma ligação e um “propósito” inusitado e peculiar. É o caso de Sandra Vegas, perita em criminologia fotográfica, que ainda vive o luto do marido morto a seis e meses e que de forma arriscada entra numa neblina de incertezas e abstrusidades na ânsia de tornar o luto menos doloroso. Quando seu caminho cruza com o de Marcus, ela percebe que seu marido pode ter sido envolvido em algo muito assustador...      

Thrillers costumam não aprofundar muito nos personagens confiando apenas em seu enredo para agradar e prender o leitor, mas Carrisi consegue adicionar, mesmo que de leve,  uma certa profundidade aos nossos personagens que se tornam importantes no decorrer da narrativa pois os crimes que vão acontecendo acabam evocando um tema que já foi e é muito explorado pela literatura: vingança! E se você se deparasse com a pessoa que destruiu sua a vida e tivesse a oportunidade de devolver o “favor”, o que você faria? Muitas são as respostas dos nossos personagens a isso e elas acabam tendo algum sentido e peso quando olhamos para eles de uma forma mais demorada, além da superfície...

Ainda que toda a trajetória dos personagens sejam bem trabalhadas, está em Marcus o ponto alto.  A forma como sua vida degringolou só não é mais espetacular que seu talento em desvendar crimes. É como se ele enxergasse uma dimensão extra e conseguisse absorver todas as coisas que escapam a este plano quadridimensional. Mas nada do que vimos durante a narrativa me fez prever o final apoteótico. Olhando depois, havia algumas pistas mas elas são tão bem trabalhadas que de forma alguma esperava pelo que estava por vir e, a julgar pelo outro livro do autor que li, esta é uma marca de sua escrita...

Cheio de surpresas e reviravoltas, O Tribunal das Almas é uma ótima pedida pra quem gosta de thrillers eletrizantes mas que conseguem ter alguma profundidade. A única nota triste é que ele tem continuação e infelizmente ainda não saiu por aqui. A despeito disso não deixe de apreciar e ler. É uma viagem incrível...    

──────────────────

O Tribunal das Almas ( Il Tribunale delle Anime, Itália, 2011)
Páginas: 434
Autor:  Donato Carrisi
Editora: Record
Comprar: AMAZON

[RESENHA] O Colecionador, de John Fowles


Quando a senhora minha esposa mostrou-me o livro que havia comprado, pensei que se tratava de algo como Sabrina por conta da capa que lembrava muito este tipo de livro de banca. Mas, minha senhora (SEMPRE ELA), me explicou que não! Que na verdade, tratava-se de um suspense psicológico de um cara que ama uma mulher e acaba sequestrando-a. Interessei-me e fagocitei o livro. Ainda que em determinado momento o livro perca um pouco de seu ritmo, a história de um sujeito desajustado que orquestra um plano maluco pra conquistar uma mulher é deverás interessante, cheio de surpresas e angustiante...

O romance narra à história de Frederick Clegg, um funcionário público que coleciona borboletas e, subitamente, se torna dono de uma fortuna. Ele então passa a ter uma ambição: sequestrar a bela Miranda, seu amor platônico...

Quando você chega ao tão esperado FIM deste livro, o sentimento que prevalece é o de tristeza mesclado a uma sensação de solidão e abandono. O trabalho realizado pela escrita de Fowles em seu romance de estreia é arrebatador....

Narrado em primeira pessoa – primeiro pela ótica de Frederick, depois pela de Miranda – o livro consegue trazer um clima de imersão que este tipo de narrativa precisa para te manter ávido, linha após linha, para saber o desenrolar da história. E, sendo em primeira pessoa, é possível se aproximar dos pensamentos dos personagens e ter um retrato real do que se passa em suas mentes. E há muita coisa aí...

Frederick, logo no inicio você já desconfia que não “bate” muito bem da cabeça. Obcecado por borboletas mas que não consegue manter uma relação amigável com nenhum ser humano. É um ser isolado que se sente menosprezado por seus pares e que também os menospreza. Menos uma pessoa: Miranda. Esta personalidade claudicante e insegura acredita ter a chave para que ela o ame, porém, é um jeito totalmente maluco que ilustra o tipo de personalidade de Frederick...

Já Miranda, uma jovem de espirito livre, é uma amante das artes e que vê nesta seara a chance de galgar seu lugar ao sol, vive de amores aqui e acolá, e quando vê sua vida reduzida as paredes de seu cárcere, percebe que terá de usar de toda sua astúcia para sair desta encrenca...

Ler as páginas de O Colecionador é adentrar um mundo onde o normal não é visto pela mesma ótica que pessoas comuns. Não que não tenhamos nossos pensamentos malucos ou inexpressáveis, porém, Frederick é um sujeito ímpar. Suas escolhas são pautadas em um raciocínio que levam a conclusões absurdas mas que na mente dele (e graças a imersão da escrita de Fowles, da nossa também) tem "lá" sua lógica...

Sua paixão por borboletas é um reflexo do que o mesmo acaba fazendo com Miranda: amante desses insetos, é impossível para ele simplesmente observá-los em seu esplendor livre na natureza. Ele precisa delas só pra ele para absorver e observar toda a beleza intrínseca a elas. Mesmo que pra isso precise aprisiona-las ou mata-las...

Livros assim, que levam as mentes humanas ao limite da loucura e do absurdo, são um deleite para qualquer amante das letras e que procuram nesse oceano de livros aquele que consiga nos tirar do conforto habitual e nos obriga a olhar para as pessoas que nos cercam com um certo receio por imaginar que por mais comuns que possam parecer, são capazes das maiores insanidades que a mente pode gerar. Mesmo apresentando-se plácido e belo como uma borboleta...

──────────────────
O Colecionador ( The Colector, Inglaterra, 1963)
Páginas: 257
Autor:  John Fowles
Editora: Record
Comprar: AMAZON

[RESENHA] Objetos Cortantes, de Gillian Flynn



Faz mais de um mês que li este livro e fiquei enrolando pra fazer esta resenha. Porquê? Bem, não sei ao certo! É um livro de suspense, onde há um serial killer à ser descoberto e este tipo de livro, a despeito do sucesso que muitos alcançam, não é tão simples de ser realizado. Principalmente quando o ponto forte do livro se concentra em saber a identidade do assassino, que é o caso em questão. Muitos são os livros que seguem esta premissa ou algo parecido e que conseguiram alcançar seu lugar ao sol. Cito aqui O Aliciador, de Donato Carrisi e O Silêncio dos Inocentes, de Thomas Harris, como exemplos de livros de suspense excepcionais. Apesar de ter gostado da escrita de Gillin Flynn (autora de Garota Exemplar), o livro, pra mim, perdeu um pouco da sua “força” porque lá pela metade do livro “descobri” quem era o assassino e isso atrapalhou em certo ponto minha experiência...

O livro narra a história da jornalista Camille Preaker, que trabalha em um jornal de médio porte de Chicago. As coisas ficam complicadas para ela quando seu editor chefe pede (ordena) que ela vá para sua cidade natal, Wind Gap, cobrir  um caso de desaparecimentos de meninas que trará certa visibilidade ao jornal. Ao voltar para a cidade que pretendia jamais retornar, Camille acaba se deparando com fantasmas do passado e um caso que pode envolver um serial killer enquanto seus problemas pessoais vão ganhando força... 

A escrita da autora é bem ágil. De forma simples e clara, ela consegue conduzir o suspense numa espiral crescente que vai te impulsionando a seguir adiante num frenesi alucinante. A relação entre Camille e sua família é outro ponto interessante. Sua mãe, Adora, controladora ao extremo, faz questão de tratar o marido, Allan, padrasto de Camille como um acessório assim como faz com a filha deles, a meia irmã de Camille, Ama. E, a relação de Camille com sua mãe é tensa. Há sempre uma atmosfera de tensão entre elas que ocasionalmente explode mas que, movidas por um resquício de respeito fraterno, elas tentam, cada qual a seu modo, manter uma certa educação. O que não ocorre na relação entre Camille e Amma...

Tratada como uma princesa em casa, Amma é o verdadeiro terror fora dos portões. Apesar de jovem, 14 anos, seu corpo já desenvolveu e ela faz uso disso como forma de manipulação e intimidação. É a personagem mais interessante do livro. Mais até que a protagonista que, mesmo tento seus problemas pessoais (se autoflagela), não consegue ser muito interessante...

Outro ponto forte do livro é a forma como a autora retrata a atmosfera dos habitantes de Wind Gap. Sendo uma cidade pequena, a autora consegue transpor para as páginas toda uma ideia de conflitos e tensões mal resolvidos travestidos de convivência pacifica e harmônica. É como olhar para uma paisagem e ver que tem algo faltando mas não saber ao certo o que é... 

Apesar de conter uma história bacana e interessante o livro perdeu seu efeito sobre mim quando pouco antes da metade já sabia quem era o assassino. Mesmo tendo um plot twist no final que quase me fez morder a língua, o livro não conseguiu me cativar de todo. Acho que fui com a expectativa lá em cima por conta de Garota exemplar.

Uma curiosidade é que este livro já havia sido publicado no Brasil com o nome de Na Própria Carne, pela editora Rocco, e que também irá virar uma série pela HBO estrelada por Amy Adams. Esperar pra ver...


   
──────────────────
Objetos Cortantes ( Sharp Objects, EUA, 2006)
Páginas: 254
Autor:  Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Comprar: AMAZON

[CRÍTICA] filme, Jogo Perigoso

Suspense da Netflix explora as verdades ocultas de um casal que decide passar um fim de semana amoroso que acaba não dando muito certo. A obra é mais uma adaptação de uma obra de Stephen King
──────────────────



2017 foi um ano feliz para os fãs de Stephen King. Desde 1976 quando “Carrie, a Estranha”, seu primeiro romance, fora adaptado para as telonas, os trabalhos do autor foram incansavelmente transportados para esta outra mídia. Claro, nem sempre o resultado foi o dos melhores. Não é o caso de Jogo Perigoso.

Jogo Perigoso (Gerald’s Game), é mais uma das apostas da Netflix em usar como material base uma das obras do autor. Seguindo muito do material original e acertando nas mudanças, Jogo Perigoso é um retrato bem elaborado das prisões que nossa própria mente cria e de como pode ser doloroso, literalmente, romper essas barreiras.

O filme se inicia com o casal Jessie, (Carla Gugino) e Gerald (Bruce Greenwood) indo passar um final de semana em uma casa isolada na ânsia de reascender a chama do casamento. Gerald tem a ideia de incluir uns jogos sexuais no fim de semana romântico e algema Jessie. Porém, Gerald acaba morrendo deixando Jessie algemada. Para escapar desta situação, Jessie terá de usar todo seu espectro imaginativo e reviver memórias dolorosas para escapar.

Dirigido por Mike Flanagan (Hush – A Morte Ouve), o filme se passa quase que completamente em um quarto. A narrativa é cadenciada. O inicio do filme é lento mas não enfadonho. As cenas onde o casal está interagindo pautada por diálogos reveladores a respeito do caráter de Gerald, mostram o tom que a narrativa irá seguir. A fotografia com um tom em sépia mas que não abusa de outros filtros, ajuda a criar o ambiente claustrofóbico e opressivo que o diretor quis passar. Depois de alguns minutos, é possível sentir que o medo de Jessie não é infundado.

Por falar em Jessie, a interpretação de Carla Gugino é que torna tudo verossímil. As expressões da atriz mostram todo sofrimento da personagem que precisará se refugiar dentro da sua mente para escapar dali. É onde as coisas começam a ficar melhor ainda.

Precisando reviver/vencer fantasmas do passado, Jessie “cria” personagens que podem lhe ajudar ou impedir que consiga fugir das algemas. Destaque para uma determinada lembrança de Jessie de quando ela era criança e assiste ao eclipse. O dialogo entre ela e seu pai chega a dar nó no estomago e pode se dizer que aquele evento moldou todas as escolhas de Jessie.

O toque sobrenatural do filme fica por conta de uma figura misteriosa que aparece na penumbra mas que, na verdade, só saberemos sua real identidade ao final do filme. Há uma trecho no final do filme onde alguém diz uma frase a esta figura possivelmente sobrenatural que sintetiza a verdadeira catarse de vencer uma prisão mental.


Jogo Perigoso é um filme de suspense que consegue entreter e surpreender. Mais umas das apostas originais da Netflix que sabem usar o matéria de Stephen King de forma certeira. Nós fãs agradecemos.


──────────────────
Jogo Perigos (Gerald’s Game, EUA, 2017)
Gênero: Suspense
Roteiro: Jeff Howard, Mike Flanagan (adaptação do livro homônimo de Stephen King)
Direção: Mike Flnagn
Duração: 103 min.