[RESENHA] EXTRAORDINÁRIO, de R.J. PALACIO

Ano de Lançamento: 2013
Editora: Intrínseca
Páginas: 318
Nota: 5/5


        "...E, se fizerem isso, se forem apenas um pouco mais gentis que o necessário, alguém, em algum lugar, algum dia, poderá reconhecer em vocês, em cada um de vocês, a face de Deus."

August Pullman é um garoto de dez anos. Como todo garoto, gosta de brincar, tem suas preferências alimentícias, gosta de alguns filmes  - no caso dele é fã de Star Wars – enfim, é um garoto normal. Quer dizer, seria considerado normal não fosse uma anomalia genética que deformou seu rosto.

Devido a esta pequena característica, a vida de Auggie nunca foi aquilo que ele quereria: normal. Passou por muitas cirurgias ficando dias e dias internado em hospitais. Não bastando isso, Auggie ainda tem de lidar com o preconceito dos outros.

O amor que seus pais nutrem por ele é algo absolutamente fantástico mas, na outra ponta, este mesmo amor acaba criando um protecionismo gigantesco. Na tentativa de dar uma autonomia maior ao filho é que os pais de Auggie decidem que ele, que até então, sempre fora educado em casa, seja matriculado em uma escola regular. Neste ponto as coisas começam a ficar complicadas. Auggie não está mais no ambiente protetor e carinhoso que é sua família. Agora está num ambiente, até certa medida, hostil, com pessoas que ele não conhece e que terão de conviver com ele e sua condição – condição esta que ele sabe, gera no mínimo uma estranheza nas outras pessoas quando não, um preconceito injustificável.

O livro é ótimo. Narrado na perspectiva de Auggie e de outros personagens, uma leitura de fácil entendimento e de veras bem escrita. Difícil larga-lo. Muito emocionante e, acima de tudo, reflexivo. Muitas coisas que acontecem com Auggie dizem mais respeito às pessoas que fazem aquelas coisas do que sobre ele. E é muito bonita a forma como Auggie consegue suportar tudo de negativo que lhe acontece. Muitas vezes com um sorriso nos lábios.

Este livro me foi indicado pela senhora minha esposa. Antes de lê-lo, vi algumas resenhas e, além dos elogios, a maiorias dos resenhistas consideram que o livro deveria ser leitura obrigatórias nas escolas. Não só acho que o livro deva ser lido nas escolas como cada pai, mãe ou responsáveis deveria comprar ou ler o livro para seu filho. 

Os dilemas pelo qual Auggie passa são universais. Tudo aquilo que nos é diferente causa uma certa estranheza e isto, penso eu, não seja um problema em si. O problema, ao meu ver, é que uma vez que somos apresentados a algo ou alguém diferente, e não tentamos entender que é somente isso, diferente, passamos a ser juízes da normalidade diplomados por nós mesmos. Neste contexto que vemos muitas barbáries acontecerem por parte de alguém ou um grupo de pessoas contra um outro que não pertence ao séquito de normalidade do qual os algozes acreditam. 

Mas, as lições apresentadas no livro não se resumem somente as pessoas diferentes, elas vão mais além. R. J. Palácio consegue estender sua mensagem além do conceito de aceitação do que é diferente. Ela também aborda uma questão que, penso eu, está intrínseca em todos aqueles casos de bullying que vemos empestar os noticiários: a ausência da gentileza, de ser educado, de ver no outro algo além dos nossas verdades e preferências.  

É por esta ótica que Auggie e todos os Auggies da vida são extraordinários: mesmo num mundo de pessoas que tentam à todo custo mostrar-lhes que são inferiores, o amor, inteligencia e bondade deles, mostra exatamente o oposto. 

Boa leitura.



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