Sense8, a ótima série dos Wachowski mostra de forma perfeita como necessitamos do outro e como o outro necessita de nós.
Imagine um motorista de ônibus de Nairóbi, Capheus (Aml Ameen), lutando pra ajudar a mãe doente; um ator mexicano Lito (Miguel Angel Silvestre), envolto num segredo que pode dificultar sua carreira; uma Dj irlandesa, Riley Blue (Tuppence Middleton), vivendo em Londres que tenta apagar o passado; uma economista Coreana, Sun Bak (Doona Bae), que vive à sombra de um irmão incompetente e um pai misógino; uma farmacêutica indiana, Kala Rasal (Tina Desai), com dúvidas sobre seus sentimentos em relação ao noivo; um policial de Chicago, Will Gorski (Brian J. Smith), tentando ser honesto e ajudar o pai; uma ativista transsexual, Nomi Marks (Jamie Clayton), renegada pela família e lutando por seus direitos; e um ladrão de cofres alemão, Wolfgang Bogdanow (Max Riemelt) tentando mostrar que a ideia de seu pai era possível. O que essas oito pessoas teriam em comum? Nada. Mas, no caso da série Sense8, estão totalmente ligados um ao outro.
A série Sense8 do serviço de streaming Netflix, mostra a vida das oito pessoas citadas acima de culturas e estilos de vida diferentes que descobrem que, de uma forma que não sabem explicar, tem poderes sensitivos que os liga de uma forma espetacular.
Produzida por J. Michael Straczynski (Babylon 5) e os irmãos Lana e Andy Wachowskis (Matrix), a previsão é que série tenha cinco temporadas. Apesar de, após Matrix, os irmãos Wachowskis não terem consigo alcançar o mesmo sucesso, eu sempre fico ansioso quando os irmãos apresentam um novo trabalho. E desde V for Vendetta, onde os irmãos foram roteiristas, eu não gostava tanto de um trabalho deles.
A história tem início quando Angela (Darryl Hanna), comete suicídio pra não revelar algo para um grupo denominado Whispers. Este ato, ativa alguma coisa em oito pessoas, e elas passam a sentir coisas estranhas: sons, cheiros, toques, visões, tudo de forma compartilhada que não sabem explicar. Posteriormente descobrem que são sensitivos e tem o dom de partilhar sensações e sentimentos entre si - podendo até assumir a consciência de outro sensete bem como interagir de forma psíquica (deve ter sido bem trabalhoso filmar algumas cenas que ocorriam de forma simultânea em quatro locações diferentes mas psiquicamente no mesmo lugar). Essa habilidade já vem desde nascença através de uma mutação genética. Em suma, são o próximo passo da evolução humana
Daí, vamos acompanhando o drama de cada personagem. Como o dom deles os ajuda a passar por suas tribulações pessoais e, principalmente, como esse dom os ajuda a escapar dos Whispers, espécie de organização que quer eliminar todos os sensetes.
Sense8 não cria mistérios inexplicáveis pra serem respondidos apenas na season finale. Quase tudo vai sendo explicado no decorrer dos episódios, principalmente na figura do personagem Jonas (Sayd Jarrah, Lost) um outro sensete que, aparentemente, quer ajudá-los mas tenho minhas dúvidas com relação ao papel dele no decorrer da série.
A série, apesar de ter agradado muito o público, não teve uma análise muito positiva da crítica especializada. O que eu achei interessante é que, grande parte dos motivos pelos quais a série recebeu análises negativas, foram os que, em grande parte, me fizeram gostar da série. Os clichês usados na série não me incomodaram nenhum pouco. Achei que cabiam dentro daquilo que a série quis mostrar. Claro, talvez umas mudanças tornassem a trama mais rica - ao invés da coreana perita em artes marciais, quem sabe a indiana. Mas, imagino que a intenção dos produtores era mostrar pessoas de culturas diferentes interagindo sem que essas diferenças fossem obstáculos para a empatia entre o grupo.
E falando em cultura, o colorido da fotografia é um show a parte a começar pela abertura (que deveria ser menor), que abusa de forma competente das cores trazendo uma imagem rica e linda salientando a diversidade dos povos.
As atuações não foram excepcionais. Talvez o que mais tenha se sobressaído tenha sido do ator Max Riemelt, mas nenhuma atuação compromete. Um personagem adjacente que chamou atenção pela atuação foi o personagem de Hernando (Alfonso Herrera), ex rebelde que está muito bem no papel. E não dá pra falar dos atores sem citar Jamie Clayton (Nomi). Ela, que é uma transsexual na vida real, mostra a forte influência da Lana Wachowski, que também é transsexual. E a questão da sexualidade não se resume apenas a personagem de Nomi. São várias cenas de sexo com direito a uma cena de sexo grupal telepático. Talvez o telespectador mais conservador - ou mais tímido - sinta-se um pouco incomodado com a profusão de cenas de nudez. A cena de nascimento dos sensets é muito bonita com direito a close das "partes" das mulheres no momento do parto.
O ritmo lento da série pode afastar algumas pessoas. Se fosse exibida pela mídia tradicional (TV) a chance de exito seria menor. Mas a Netflix e sua politica de entregar a temporada inteira, facilita a vida de nós expectadores que não temos que aguardar uma semana até o próximo Ep.
Talvez, os pontos mais fracos da série sejam alguns diálogos que carregam uma dose grande de superficialidade e o fato de todos os sensets terem uma personalidade boa. Até Wolfgang, o mais controverso deles, tem seus motivos para ser daquele jeito. Seria interessante ver um, ou alguns deles, tentando usar o dom para fins mais mesquinhos e maquiavélicos.
A série é cheia de cenas bonitas que enchem os olhos. Destaque para a cena em que os persononagens fazem um coro de Whats Going On. A cena é de tirar o chapéu.
A série, apesar de ter agradado muito o público, não teve uma análise muito positiva da crítica especializada. O que eu achei interessante é que, grande parte dos motivos pelos quais a série recebeu análises negativas, foram os que, em grande parte, me fizeram gostar da série. Os clichês usados na série não me incomodaram nenhum pouco. Achei que cabiam dentro daquilo que a série quis mostrar. Claro, talvez umas mudanças tornassem a trama mais rica - ao invés da coreana perita em artes marciais, quem sabe a indiana. Mas, imagino que a intenção dos produtores era mostrar pessoas de culturas diferentes interagindo sem que essas diferenças fossem obstáculos para a empatia entre o grupo.
E falando em cultura, o colorido da fotografia é um show a parte a começar pela abertura (que deveria ser menor), que abusa de forma competente das cores trazendo uma imagem rica e linda salientando a diversidade dos povos.
As atuações não foram excepcionais. Talvez o que mais tenha se sobressaído tenha sido do ator Max Riemelt, mas nenhuma atuação compromete. Um personagem adjacente que chamou atenção pela atuação foi o personagem de Hernando (Alfonso Herrera), ex rebelde que está muito bem no papel. E não dá pra falar dos atores sem citar Jamie Clayton (Nomi). Ela, que é uma transsexual na vida real, mostra a forte influência da Lana Wachowski, que também é transsexual. E a questão da sexualidade não se resume apenas a personagem de Nomi. São várias cenas de sexo com direito a uma cena de sexo grupal telepático. Talvez o telespectador mais conservador - ou mais tímido - sinta-se um pouco incomodado com a profusão de cenas de nudez. A cena de nascimento dos sensets é muito bonita com direito a close das "partes" das mulheres no momento do parto.
O ritmo lento da série pode afastar algumas pessoas. Se fosse exibida pela mídia tradicional (TV) a chance de exito seria menor. Mas a Netflix e sua politica de entregar a temporada inteira, facilita a vida de nós expectadores que não temos que aguardar uma semana até o próximo Ep.
Talvez, os pontos mais fracos da série sejam alguns diálogos que carregam uma dose grande de superficialidade e o fato de todos os sensets terem uma personalidade boa. Até Wolfgang, o mais controverso deles, tem seus motivos para ser daquele jeito. Seria interessante ver um, ou alguns deles, tentando usar o dom para fins mais mesquinhos e maquiavélicos.
A série é cheia de cenas bonitas que enchem os olhos. Destaque para a cena em que os persononagens fazem um coro de Whats Going On. A cena é de tirar o chapéu.
Por mais que o clima de mistério e sobrenatural prevaleçam, o que mais me instigou a seguir a história dos nossos sensetes foi a capacidade dos autores de transmitir emoções bonitas e mostrar que não estamos sozinhos no mundo. Que sempre podemos contar com o auxilio de alguém por mais improvável que esta pessoa seja. Mesmo pessoas diferentes podem estender a mão para o outro independente daquilo que possa nos separar, e isso eu vejo como o verdadeiro passo na evolução do homo sapiens.
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