[RESENHA] Exorcismo, de Thomas B. Allen

Ano de lançamento2016
Editora: Darkside Books
Páginas: 254
Nota: 4/5

" O oculto é algo diferente.

Eu me mantive longe disso.

Acredito que mexer com ele pode ser perigoso.

E isso inclui mexer num tabuleiro Ouija"
(Livro "O Exorcista")


Não é nenhuma novidade que o filme O Exorcista, sucesso na década de setenta, foi baseado em um livro homônimo escrito por Willian Peter Blatty. Apesar de também não ser novidade, o livro de Blatty foi baseado em um caso real de exorcismo. Blatty ficou sabendo sobre este relato em um jornal, Washington Post. E, dali em diante deu razão a sua imaginação. No caso do livro de Thomas B. Allen, não há espaço para ficção. O que temos aqui é um trabalho de investigação, entrevista e extensa pesquisa que culminaram com este relato jornalístico sobre o que realmente ocorreu com o adolescente Robbie Manheim - nome alterado - no ano de 1949.

Espíritos ou entidades que se apoderam dos corpos de pessoas existem em diversas culturas. Para algumas formas de crenças, inclusive, objetos poderiam “sofrer” ação de alguma força proveniente de outro plano. Para nós, ocidentais, sempre que ouvimos falar de espíritos que se apoderam de alguém, entendemos que essa força seja proveniente do séquito de entidades que compõem o panteão das profundezas. Natural isso haja vista que nossa cultura bebe da influência proveniente das religiões judaica e cristã. Mesmo com esta familiaridade com o tema, associamos isso – a possessão – como algo que ficou no passado sendo apenas histórias de um passado sombrio que ficou para trás. Não há espaço para esse tipo de abordagem num mundo onde a ciência parece se mostrar cada vez mais próxima de solucionar a maioria de nossos problemas.

Mas, como sabemos, certas coisas acontecem pra questionarmos nossas certezas o por em xeque tudo o que sabemos.

No livro Exorcismo – de Thomas B. Allen – acompanhamos como foi a vida das pessoas envolvidas num caso real de exorcismo realizado com o aval da Santa Sé.

O livro, O Exorcista de William Peter Blatty que fez sucesso, principalmente após o lançamento do filme, trazia em suas páginas descrições de acontecimentos que fizeram pessoas de várias idades ficaram com medo na hora de dormir. Blatty usou um caso de real de exorcismo como fonte para basear seu livro. E é este caso real que Allen nos mostra com uma acuidade bem grande.



A vida começou a degringolar na vida de Robbie Manheim logo após a morte de sua tia. Adepta de cultos espiritualistas, ela usava um tabuleiro Ouija para invocar espirios e se comunicar com eles e passou a ter a companhia de Robbie em suas seções. Após a morte da tua, Robbie começou a passar por experiências terríveis: objetos se movendo sozinhos; barulhos pela casa; marcas que surgiam sem explicação em seu corpo, dentre outras.

Após seus pais levarem ele em alguns médicos e nenhum deles conseguir resolver o problemas, os Manheim decidem que podem estar diante de algo terrível demais para acreditar: um caso de possessão. É nesta hora que padres da igreja católica entram na jogada.

Conseguir uma autorização hoje em dia para realizar um exorcismo por um sacerdote católico não é tão simples assim. Na tentativa de apagar um passado cheio de horrores de uma Idade Média obscura, o Vaticano tenta dar razão a lógica e, só após uma investigação minuciosa e, principalmente, a ausência de explicações cientificas plausíveis é que ele, o Vaticano permite a realização do ato.





O que vemos dali em diante é uma batalha onde os padres envolvidos levam até a exaustão das suas energias na tentativa de acabar com o mal que acomete aquele garoto.

O livro escrito de forma simples e direta, facilita a compreensão do leitor. Apesar de toda carga que o relato trás, não é uma narrativa que imprima TANTO medo. Claro, a não ser que você deixe-se absorver demais pela leitura. A parte mais, digamos incomoda, são as descrições do que ocorre com Robbie. Desde sua total alienação ao que lhe ocorre durante o exorcismo, até as marcas que inscrições macabras gravadas inexplicavelmente em sua pele.

Outro ponto forte do livro, é que, apesar de tudo indicar que realmente houve um episódio de possessão, ele trazer tudo a luz da razão elencando possíveis causas naturais (psiquiátricas) para o que ocorreu com Robbie.

O ponto fraco do livro fica por conta do excesso de repetição das orações que os padres proferiam com base no ritual romano – espécime de manual de exorcismo. Pareceu-me que serviu mais para engrossar o manuscrito. Muito mais esclarecedor e assustador é o diário do exorcista que acompanha o livro.

Boa leitura. 


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