Estava tudo escuro. O vento soprava, fazendo balançar com
força os galhos das árvores, e ele via formas assustadoras se formando nos
galhos: em alguns momentos parecia um dragão, em outros, algum monstro de
alguma história macabra. Por mais que tentasse, não conseguia se mexer. Suas
pernas insistiam em não obedecer o comando do cérebro de se locomover e tremiam
tanto que parecia fazer vibrar o chão. Um demônio passou pelas suas costas e
num ato instintivo ele se jogou no chão assumindo uma posição fetal e ficou aguardando
o momento em que aquele vulto iria ataca-lo. Nada aconteceu, porém, o medo
aumentou ainda mais.
Pensou que a qualquer momento seu coração iria explodir
acabando pra sempre com todos os sonhos, lembranças e desejos que habitavam
aquele corpo. Neste instante passou a lembrar de tudo que percorreu pra chegar
até ali. Saiu de sua zona de conforto como poucos fariam e se aventurou por um
mundo totalmente desconhecido que se mostrava assustador e instigante. As memórias de tudo que viveu passou pela sua
mente numa velocidade alucinante mas não impedindo que ele revivesse todos os
sentimentos de outrora. Uma dessas lembranças era de um garoto que ele vira
sentado próximo a um riacho que jogava pedrinhas na água só pra ver quantas
vezes ela quicava antes de afundar. Essa lembrança lhe trouxe paz. A recordação
da daquele menino - que mesmo descalço, usando uma roupa velha
toda rasgada e aparentava levar uma vida cheia de privações - irradiava uma felicidade que ele nunca
encontrou no dinheiro ou em qualquer outra coisa feita pela homem. Devagar
começou a se levantar. O demônio que a
pouco passou por ele se materializou em sua frente e qualquer momento ele sabia
que já não pertenceria mais a este plano. Mas não estava com medo. Pelo
contrário, estava feliz, muito feliz.
Ficou a imaginar quantos demônio não apareceram na vida daquele
garoto e ainda assim ele ria pela e se
alegrava pelo simples quicar da pedra na água. Começou a sorrir. Seu coração
foi invadido por uma paz que não cabia dentro dele mesmo. Estava satisfeito.
Ainda que no final de sua trajetória, conseguiu achar o que estava buscando e
encontrou isso não no ouro dos reis que encontrou no caminho ou nas fórmulas
mágicas que vários "sábios" possuíam. Encontrou isso naquilo que há
de mais puro e belo no mundo: no sorriso de uma criança. O demônio começou a avançar em sua direção. Já
estava esperando o baque quando uma luz fraca começou a surgir atrás da
criatura. O demônio se assustou ao passo
que ele se sentia mais feliz. Conforma a luz ia aumentando ele se sentia mais
cheio de vida e paz e o demônio ia
diminuindo de tamanho e ficando disforme. De repente a luz ficou muito forte e
ele não conseguiu mais se conter: chorou, riu... seu coração que estava
pulsando ao ritmo de um amor que abrasava toda dor e tristeza no mundo começou a brilhar também
e ele teve de fechar os olhos. Percebeu que a luz do seu coração foi diminuindo
gradativamente e ele p abrir os olhos. Para seu espanto, o demônio havia sumido e aquela luz que ele
vira se projetando lá longe estava não mais que alguns metros dele. Se ajoelhou
quando percebeu que estava produzindo aquela luz: o menino que jogava pedras no
riacho. O garotinho brilhava de uma forma intensa e tinha um sorriso mágico estampando
no rosto.
- Depois de tanto
tempo, finalmente achou o que procurava - disse o garoto a ele.
Ele estava absorto pelo brilho do garoto. Era tão forte
quanto aquele que seu coração produziu a pouco mas, de uma forma inexplicável,
o brilho não o ofuscava.
- Mas o que é
isso? Como faço pra sentir novamente?
O garotinho sorriu ainda mais, o que parecia ser impossível.
- Você sabe o
que é isso. É aquela energia que nos fez, que nos deu forma e está presente em
tudo que habita o universo. Que está presente em cada pensamento bonito, em
cada música, em gesto, em cada respiração em cada batida de coração. Você sabe
o que é isso. Pude sentir tudo que você sentiu. Só não esqueça: muitos procuram
Ela nos lugares mais distantes, e seus olhos viciados a se impressionarem só
com algo "grandioso", esquecem de ver esse brilho nas coisas mais
simples e bonitas que os cercam a todo
momento. Agora vá, e espalhe esse brilho de amor que está em seu coração.
Quanto mais pessoas estiverem irradiando esse brilho de amor, mais essa paz
será sentida por todos, pois somos o todo e o todo somos nós.
- Vou ver te
ver novamente? - ele perguntou.
Com aquele
sorriso abrasador no rosto o garotinho falou:
- Com certeza,
e você sabe onde me encontrar.
Falando isso o
garotinho se virou e saiu com seu brilho de amor. Ele sabia o que o garotinho
estava falando. Podia sentir o brilho de amor em seu coração, nas árvores que a
pouco o assustavam e em tudo que estava a sua volta.
Ele sabia que
agora nada seria como antes. Tudo seria assim: lindo e mágico como o brilho de
amor que irradiava daquele feliz garoto que brincava de jogar pedras no riacho.
obs.: por favor, relevem os erro ortográficos. Texto não revisado.
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