Editora: Autonomia Literária
Páginas: 208
Nota: 5/5
"Matai-os onde quer que os encontreis
e expulsai-os de onde vos expulsaram, porque
a perseguição é mais grave que o homicídio. E combatei
até terminar a perseguição e prevalecer a religião de Alá"
(Trecho do Corão)
Logo após a
morte do terrorista mais famoso dos últimos tempos em 2012, Osama Bin Laden,
uma falsa ideia de que o terrorismo enfraquecia pairou sobre a cabeça de muitas
pessoas que horrorizam-se com o atentado às torres gêmeas (World Trade Center)
em setembro de 2001. O que poucos imaginavam é que os esforços para neutralizar
e destruir a maior rede terrorista de então, Al Qaeda, seriam as sementes que
germinaram algo muito maior e sombrio do que a organização do saudita: o O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS). A rede criada pelo iraquiano Abu Bakr al-Baghdadi deu uma mostra ao ocidente, através do ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, daquilo que vêm fazendo no oriente médio
com muita destreza. Seu lema de morte à todos aqueles que não compartilham de seus valores, até mesmo outros muçulmanos de vertentes distintas, já mostrou que não há fronteiras para a vilania de seus membros. Entender como
funciona e foi criada esta organização é essencial para neutralizar (TENTAR) a
rede terrorista. E Patrick Cockburn fez muito bem.
Para quem carrega dentro
de si um pouco de senso ético e moral, excluir alguém por conta deste ser
apenas diferente, já é algo idiota. Quem dirá matar alguém! Ao longo da
história, não foram poucas as ideologias que munidas de uma filosofia sectária,
usaram de suas ideias de um bem maior como justificativa para muitas
atrocidades: Nazismo, Stalinismo, Cruzadas são exemplos de ideais que acabaram
por culminar com a morte de milhares de pessoas sob o pretexto de instaurar uma
paz e ordem duradoura. Nas últimas décadas, vemos como o Islã vem fomentando o
terror aos não adeptos de sua fé numa busca absurda de agradar os desígnios
divinos. No mais recente capítulo disto, temos a criação do Estado Islâmico do
Iraque e do Levante. O mais interessante, porém, é notar dois pontos:
PRIMEIRO: pouco sabemos ou nos
importamos com o que o ISIS ou qualquer outro grupo terrorista faz, a não ser
que este resolva dar mostra de sua força em alguma cidade “ocidental”.
SEGUNDO: apesar de muitos não admitirem,
as diversas intervenções militares realizadas no oriente médio (com o EUA
normalmente a frente da colisão) realizadas de forma equívoca, sempre
culminaram com a formação de um poder mais forte e mais temível que chega hoje,
pra nós, na figura do Califado.
Patrick Cockburn, um experiente jornalista de guerra, nos leva,
através de suas páginas, ao que foi a origem do ISIS que, nos tempos de uma
Al-Qaeda forte, era conhecido como Al-Qaeda Iraquiana. De fácil entendimento e
compreensão, o autor não faz nenhuma questão de ser imparcial. Ele deixa bem
claro seu ponto de vista não deixando de mostrar que parte do que ocorre no
oriente médio, é fruto de uma política internacional americana burra que, da forma
que vem atuando, pode estar, mais uma vez criando algo ainda pior.
Segundo o autor, a tática de manter relações com países que financiam de
forma direta e indireta o terrorismo – como Qatar e Arábia Saudita – sempre será
um empecilho para que a paz na região e por conseguinte no mundo ocorram. Esses
dois países, fazem o que o EUA fez na época da ocupação Soviética no
Afeganistão: fornecem dinheiro e subsídios para que um grupo armado derrube este
ou aquele regime que por algum motivo não os agrada. Na época do Afeganistão,
tal estratégia resultou em Osama Bin Laden. Hoje, na tentativa de forçar uma
democracia na região, todos esses países acabam cometendo o mesmo erro. No afã
de derrubar o ditador Bashar al-Assad, entregaram verbas e armas para grupos
considerados moderado. Tais recursos caíram facilmente nas mãos do ISIS que,
com isso, conseguiu tomar parte do território Sírio e Iraquiano.
Não bastando isso, a política americana no Iraque de manter presos de
diversos níveis de periculosidade na mesma cadeia – Abu Ghraib – acabou proporcionando
que presos menos perigosos convivessem com extremistas da maior extirpe. É o
caso do líder do ISIS, o califa Abu Bakr al-Baghdad. Considerado moderado, foi
preso, cumpriu pena em Abu Ghraib com vários extremistas e saiu de lá
transforma e se tornou o que é hoje.
Para o autor, enquanto nós, ocidentais não enxergarmos de forma séria e
real o que é o oriente médio, pouca coisa realmente irá acontecer de positivo. O
local é muito heterogêneo e soluções simples pouco surtem efeito. Além do fato
de que forçar uma democracia pouco êxito pode ter. E, enquanto as coisas não
mudarem, é possível que outros episódio como o do Charlie Hebdo e do Bataclan,
venham a acontecer nos mostrando que ainda estamos muito longe de ver este
terror virar história.
Boa leitura.
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