[RESENHA] O MÁGICO DE OZ, de L. FRANK BAUM

Ano de Lançamento: 1900
Editora: Leya
Páginas: 189
Nota: 5/5

      "Não importa o quão sombrio e seja sua casa, nós pessoas de carne e osso, preferimos viver lá a viver em qualquer país, por mais lindo que seja. Não há lugar como nosso lar."  

Eu, e imagino que muitas outras pessoas, conhecia a estória (ou, ao menos, algumas partes) do livro, sem, contudo, terem lido o livro. No meu caso específico, já havia visto o filme de 1939 em algumas das sessões de filmes da Tv aberta brasileira – Seção da Tarde, Cinema em Casa, ou algo do gênero. O livro, assim como o filme, é ótimo. Mas talvez, seja algo mais do que a história de uma garotinha perdida numa terra desconhecida, querendo voltar pra casa. 

O Livro começa mostrando Dorothy Gale, que mora no Kansas com seus tios e mais seu cãozinho, Totó. A paisagem do local é descrita como cinzenta – uma forma pra descrever a característica monótona, triste e opaca do lugar. Um belo dia, um tornado atinge a casa. Os tios de Dorothy haviam descido para o porão mas ela e Totó estavam na casa quando o tornado a levanta e joga-a para um outro lugar.

Quando Dorothy e Totó despertam, percebem que estão em um lugar desconhecido que, diferente do Kansas, é todo colorido cheio de brilho e beleza. Neste novo lugar, conhecido como a terra de Oz, Dorothy conhece Glinda, a Bruxa Boa do Norte e ela lhe explica que, no ato de aterrissagem, a casa de Dorothy matou a Bruxa Malvada do Oeste. Glinda lhe dá um beijo, que serve de proteção, e os sapatos prateado da Bruxa morta (muito poderosos) e lhe explica que para poder retornar ao Kansas, Dorothy terá que ir até A Cidade das Esmeraldas, conversar com Mágico de Oz, pois só ele será capaz de fazê-la retornar para casa.  

No caminho, além de contar com muita coragem, Dorothy acaba recebendo a companhia de mais três personagens: o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão. Cada um em busca daquilo que, acreditam, lhes falta para serem felizes.

Dorothy é uma personagem incrível. Determinada, bondosa e, psicologicamente, muito bem construída. Aliás, todos os personagens principais – e alguns adjacentes – são muito bem aproveitados pelo autor. 

Apesar de ser enquadrado como literatura infantil, este livro pode (e deve) ser lido por pessoas de qualquer idade. Isso porque as alegorias presentes na obra são imensas.  Crianças podem interpretar os personagens como o Espantalho, o Leão e o Homem de Lata como são apresentados à primeira vista: o cem cérebro, o covarde e o sem coração, respectivamente. Contudo, o olhar mais apurado de um adulto pode enxergar algo além desses estereótipos: o Espantalho, representando a inteligência; o Leão, a coragem; e o Homem de Lata, bondade. 

Numa análise mais profunda, para alguns, o livro é uma alusão ao Movimento Populista ocorrido nos Estados Unidos no séc. XIX. Onde, só pra ficar em um exemplo, o Homem de Lata, neste cenário, seria um trabalhador explorado pelas grandes indústrias do nordeste americano que, de tanto ser explorado, já perdeu os últimos suspiros de sentimento e trabalha apenas para ganhar o mísero salário pra garantir o seu sustento.

Creio eu que, independente das várias interpretações possíveis, o que é mais interessante nesta narrativa é ir descobrindo, no decorrer das páginas que, cada um dos personagens já possui em seu interior aquilo que tanto queria que Oz lhes desse.  Como se o caminho até Cidade das Esmeraldas, tivesse como objetivo não o "chegar lá", mas sim, o "caminho percorrido". Como que se cada um tivesse dentro de seu interior tudo o que é necessário pra alcançar seus objetivos.

É uma alusão muito forte sobre nós mesmos. Via de regra, estamos sempre buscando alguma coisa externa para sermos felizes. Sempre em busca de um fator externo pra agregar algum valor pra nossa vida e esquecemos de olhar para um lugar muito importe: dentro de nós mesmos. Temos, em nosso interior, todas - ou quase todas - as ferramentes necessárias para construir nossa felicidade mas, insistimos em focar sempre nos nossos defeitos e, por vezes, deixamos de ver algo bom e único que temos.

Uma história muito bonita e cheia de magia. Daqueles livros que enquanto lemos nos divertimos e quando terminamos, nos sentimos bem pela mensagem transmitida. Boa leitura!

obs.: esta é apenas uma das tantas histórias sobre Oz escrita por L. Frank Baum.  


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