De Repente, 30...

     
  

Então...

Quando se é mais jovem, pensa-se que tudo é possível. Não à barreiras na imaginação de uma criança. Um cobertor vira uma caverna, arroz e feijão são os ingredientes culinários de reis e rainhas, seu cachorro conversa contigo e Deus é uma figura barbuda, temida e boa.

Os anos vão passando e com ele nossa perspectiva muda. Notamos que nem tudo funciona porque queremos e que nem somos tão importantes quando imaginávamos; as dificuldades vão aparecendo e é preciso rebolar pra não sucumbir aos tropeços que a vida reserva. Chega um ponto que parece mais fácil dar um foda-se do tamanho das pirâmides de Gizé e não se importar mais com nada, afinal, ninguém te entende mesmo. Pra que se preocupar com um mundo que existe mas que não faz parte de você?

Depois dessa revolta, nota-se que as coisas não são bem assim. Apesar de entender que nem tudo é possível,  nota-se que muito do que se desejava quando criança, ainda é uma possibilidade. Que apesar de não ser a pessoas mais importante do mundo, para algumas pessoas - talvez para uma - se é o único mundo que existe. Que alguns tropeços na vida são difíceis de serem superados. Alguns nem superados são: dá se apenas uma volta em torno dele e segue em frente do jeito que for possível. Entretanto, a maioria dos percalços são apenas uma barreira a mais na vida que servem pra aprender e evoluir e, como disse uma vez um amigo: "as vezes olho pro passado e lembro de alguns problemas que tinha, e hoje dou risada". Não que tudo de ruim que aconteceu foi apenas uma preocupação boba, mas sim, que os entreveiros da vida, quando olhados em retrospecto, nos trazem alegria por saber que independente do que aconteceu, seguiu-se adiante.

Recentemente alcancei o que na minha infância seria a idade em que se vai para o asilo - trinta (TRINTA) anos e é interessante notar o quando mudei passado essas três décadas e, mesmo assim, continuo sendo o mesmo. Citando Gabriel, O Pensador, "seja sempre você mesmo, mas não seja sempre o mesmo".

Olhando para o que o meu eu passado ansiava para o futuro, noto que quase nada concretizou-se. O que foi bom. Muita das coisas que sou hoje é fruto direto do que vivi e, apesar da teimosia natural em todos nós, a vida muitas vezes é que aponta a direção à seguir. E que os sonhos de criança, aqueles verdadeiros, nunca morrem. Às vezes ficam adormecidos, tão distantes nas terras de Morpheus que parecem que nem existiram. Mas, volta e outra, acabam aflorando e pedem licença pra ficar um pouco mais na nossa mente e mostrar que, apesar tudo, viver é muito bom e dou graças por chegar até aqui do jeito que sou, cercado - em sua maioria - por pessoas que me aturam e torcendo pra viver mais três décadas sendo surpreendido pela vida; vivendo com as mesmas pessoas que fazem parte do meu mundo hoje, e torcendo para que Moros agregue tantas outras.

Muita paz e muita luz pra todos nós.

obs.: ainda continuo conversando com meus cachorros..


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