"Três. Este é
o número do seu destino.
Três?
Sim, o três é místico. O Três está no
coração do mantra.
Que três?"
(A Escolha dos Três)
A Escolha dos Três começa
exatamente onde termina O Pistoleiro.
Roland está caído próxima a praia onde havia ficado desacordado por dez anos
após sua confabulação com o Homem de Preto. Lagostrosidades, animais que mais
parecem cães infernais, aproveitam-se de um Roland cansado e sonolento para ataca-lo.
Resultado: o pistoleiro perde dois dedos da mão direita. Agora mutilado e
apresentando uma infecção em decorrência da mordida das Lagostrosidades, Roland
segue em busca da Torre.
Se
no primeiro volume as narrativas mais pareciam uma perseguição num deserto
infinito e opressor, neste há uma mudança na forma narrativa o
que será a tendência dos próximos livros. Esta diferença é justificável tendo
em vista o hiato entre uma obra e outra. A série que aparentemente tentava
emular a Saga do Anel começa a se distanciar e tomar sua forma. É a partir
deste volume que vemos como King pretende continuar sua narrativa. E a mudança
não poderia ser melhor.
No
primeiro volume, temos algumas breves indicações dos hábitos e costumes de
Roland e seu mundo. Aqui, as coisas são aprofundadas e alguns conceitos são
explicados como o conceito de Ka e Ka-tet. O primeiro, seria um conceito
muito parecido com o que chamamos de destino, já o segundo seria a junção de
pessoas ligadas pelo mesmo destino. Então, temos Roland seguindo seu caminho,
ou Ka, em busca de seu Ka-tet.
Após
uma longa caminhada,o pistoleiro acaba por encontrar três portas sustentadas
por nada na beira da praia. Cada uma com uma inscrição: O Prisioneiro, A Dama das
Sombras e O Empurrador. Roland
precisa atravessar essas portas que levam ao encontro de seu Ka-tet. E é aqui
que as coisas ficam ótimas.
A
lentidão narrativa de King não é nenhum empecilho nesta narrativa. Os detalhes
são muito bem delineados trazendo uma veracidade insidiosa. Este excesso de
explicação é de muita importância na apresentação dos novos personagens. E
assim somos apresentados aos novos integrantes do KA-tet do pistoleiro. O primeiro,
Eddie, um viciado em heroína que se
encontra em uma situação complicada para atravessar um carregamento de droga; a
segunda, Odetta Holmes, uma negra ativista perdeu metade das duas pernas após
ser empurrada em frente a um trem e que guarda dentro de si mais de uma
personalidade; e por último, Jack Mort, que foi o responsável, além da morte de
Jake, que conhecemos no livro o Pistoleiro (vá
então, há outros mundos além deste), é também o homem que empurrou Odetta
Holmes na frente do trem.
Ao final da narrativa, há uma expectativa salutar de que King realmente conseguiu criar algo grandioso mas que continua pecando em amarrar certas pontas da história principal que é a busca pela torre. Agora é esperar os próximos episódios...
Boa leitura.
Páginas: 416
A sacada genial de King de como se dá a passagem de Roland por essas portas é bem
geniosa. É uma surpresa perceber o que ocorre com o pistoleiro no nosso
mundo e, as descrições dessa parte são
bem interessantes e necessárias para sabermos como pensam nossos novos
personagens. E que personagens. Cada um deles tem uma complexidade envolvente somados a alguns
problemas de caráter – ou não – de cada um.
Enquanto
Eddie se afunda mais e mais nas drogas e vê no irmão Henry uma espécie de herói da decadência, Odetta sofre do transtorno de dupla personalidade e, uma das
personalidades, faz com que ela acaba se revelando alguém nada ortodoxa em suas
atitudes. Porém, ainda que apresentem seus problemas nota-se que eles possuem
suas qualidades. A presença desses personagens ampliam o horizonte da saga ao
plantar a dúvida de como Roland irá tirar proveito dessas parcerias, uma vez
que tanto Eddie quanto Odetta apresentam sérios problemas. Além disso, a
infecção de Roland avança e se não conseguir se tratar, de nada adianta essa
ampliação do grupo.
Quanto
a Jack Mort, ao contrário do outros dois que apesar dos problemas carregam em
si um “Q” de bondade, este não deixa
espaço pra nada dentro de si além da maldade. Em uma rápida olhaad em seu íntimo,
Roland sabe que não pode contar com ele e acaba por tomar uma atitude que pode
ter desdobramentos catastróficos para ele.
Para
muitos, é aqui que realmente começa A Torre Negra. Se no primeiro volume temos
um monte de questão levantadas e não respondidas, neste, a narrativa é mais
coesa. Há uma preocupação do autor em não levantar uma miríade de indagações
que não podem ser respondidas prontamente, sendo assim, o clima meio confuso do
primeiro livro fica de fora.
King
sempre foi um autor que soube moldar seu personagens para que não parecessem
muito genéricos. Há uma profundidade de camadas que fazem o leitor se
apegar, odiar e surpreender com cada um deles. Não há como passar indiferente.
Ao final da narrativa, há uma expectativa salutar de que King realmente conseguiu criar algo grandioso mas que continua pecando em amarrar certas pontas da história principal que é a busca pela torre. Agora é esperar os próximos episódios...
Boa leitura.
Livro: A Escolha dos Três (A Torre Negra #2)
Autor: Stephen Kung
2 COMENTÁRIOS
Ano passado li O Pistoleiro e confesso que dos quase 30 livros q li do autor, foi o que achei mais "morno" de todos. Vou tentar ler esta sequência dá saga este ano e ver se me empolgo mais !!!
Li O "Pistoleiro" pela primeira vez quando devia ter uns 18 anos e não era um leitor muito assíduo e confesso que fiquei bem maravilhado com a saga de Roland. Relendo-a este ano e principalmente já estando habituado a escrita de King, não achei ele tão bom assim. é um livro OK mas muito diferente daquele estilo narrativo de King que estamos acostumados. Na Escolha dos Três, ja é possível perceber o estilo detalhista e irônico característico de King que o alçou ao topo. Por isso, tente ler a continuação de O Pistoleiro, quem sabe acaba lhe imprimindo uma sensação diferente do primeiro livro.
Abraços.
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