Editora: Suma de Letras
Páginas: 460
Nota: 5/5
"Você esqueceu a doutrina de sua igreja, [padre].
[...] Sem fé, a cruz é apenas madeira; o pão,
trigo assado; o vinho, uvas amargas.
Se tivesse abdicado da cruz, teria me derrotado.
[...] O menino da de dez em você"
Nos últimos anos, os vampiros foram abordados de diversas formas. Muitos modificaram a imagem mítica dos seres que bebem sangue. Mas a ideia que realmente me fascina, é aquela idealizada por Bran Stocker; do vampiro mal, cheio de charme e poder; que possui um afã incontrolável por mais uma gota de sangue para aplacar sua sede insaciável. Stephen King, inspira-se na história de Drácula pra nos brindar com essa maravilha sobre seres noturnos que atormentam uma cidade. Depois de ler, você quererá ter um terço em volta do pescoço e uma bíblia em baixo do braço.
Stephen King ainda colhia os frutos do sucesso de sua estreia na literatura com o livro Carrie, a Estranha, quando lançou este segundo livro. Apesar da história da menina com poderes psíquicos me agradar mais, achei Salem's Lot, um livro com um acabamento e uma condução melhor. Nele, muitas das características que tornariam King um escritor aclamado estão presentes. Sendo assim, não poderia ser diferente: o livro é ótimo.
Começamos o livro num prólogo enigmático onde um menino e um homem, ficam vagando entre EUA e México. Algo no passado marcou (e amedrontou) demais a vida de ambos que o menino evita toda e qualquer notícia sobre o lugar, Jerusalém Lot, onde a tragédia ocorreu. Aí voltamos alguns anos atrás onde tudo aconteceu.
Ben Mears é um escritor que volta para a cidadezinha onde morou quando criança, Jerusalém Lot, Nova Inglaterra, pra escrever mais um livro e, por conseguinte, exorcizar de vês algo sombrio que lhe aconteceu quando foi realizar uma tarefa na mansão Marsten, que fora abandonada após uma tragédia.
Estando na cidade, Ben descobre que além da desconfiança dos moradores, a cidade lhe reserva outra surpresa: o mal voltou a habitar a Mansão. Cabe a ele e mais um grupo de pessoas a tarefa de extirpar essa nuance maligna mas, claro, não será nada fácil, afinal, o que assombra a cidade é nada mais nada menos que o "Rei" dos vampiros.
Apesar de apresentar vários personagens, podemos destacar três como principais: Padre Callahan: um sacerdote que vive em luta pra se livrar de seus demônios engarrafados e que aguarda a verdadeira luta com o mal; Mark Petrie: um jovem e engenhoso garoto que logo descobre que a cidade tem seus dias contados; e nosso escritor que vive entre seus medos antigos e o amor da jovem moradora local, Susan Norton.
Como de praxe em suas escritas futuras, King vai dissecando muito da rotina local e a psique dos personagens, antes de voltar sua caneta para o mal. Ficamos muito familiarizados com muitos dos moradores e quando o terror chega, é difícil não sentir um nó na garganta ante a perspectiva de vê-los sucumbirem ao rei das trevas. Mas, quando isso se dá, é difícil não sentir um "medinho" e torcer pra ter entre seus pertences um terço ou um "cálice" de água benta.
Como visto em "Carrie" e, posteriormente em muitos outros livros de King, a religião é retratada de forma pouco ortodoxa. Em Carrie, vemos isso na forma repressora e opressora que a mãe dela conduz sua educação. Aqui, fica por conta da figura do Padre Callahan, que além de cuidar das almas dos fiéis, tem que lutar pra não sucumbir ao vício. (Vale lembrar que no grande universo de Stephen King, Callahan torna a aparecer na série A Torre Negra - o ka é ma roda!). O embate entre o padre e o "vampiro mestre" Barlow, dá o tom dessa relação. O diálogo de início deste post entre o padre e o vampiro é o ápice dessa ideia.
Por falar em vampiro, é clara a alusão ao mais famoso dos sugadores de sangue, Drácula. Aqui, os vampiros são como os do escritor Bran Stocker: sensuais, maus, psicopatas, sem apresso nenhum pela vida humana e vivem exclusivamente pra aplacar a sede de sangue e espalhar o terror. É difícil não maravilhar-se ante esse estereótipo, haja vista como os seres da noite andam sendo retratados ultimamente.Alguns até brilham em contato com a luz. Antes do fim de sua empreitada, Ben, Mark, o padre e os outros que tentam acabar com o mal, percebem que a cidade dificilmente será a mesma.
Com um final surpreendente, Stephen King consegue nos apresentar uma obra que te emociona, te angustia, te amedronta e, acima de tudo, faz jus ao mito antigo dos sugadores de sangue.
Boa leitura.
obs.: no Brasil o livro foi publicado primeiramente com o nome de A Hora do Vampiro. Graças a Gan, mudaram o nome em edições futuras.
obs 2.: por precaução, leia com uma bíblia do lado, um crucifixo em volta do pescoço e uma estaca de madeira ao alcance das mãos e não convide ninguém pra entrar na sua casa durante a noite...
Começamos o livro num prólogo enigmático onde um menino e um homem, ficam vagando entre EUA e México. Algo no passado marcou (e amedrontou) demais a vida de ambos que o menino evita toda e qualquer notícia sobre o lugar, Jerusalém Lot, onde a tragédia ocorreu. Aí voltamos alguns anos atrás onde tudo aconteceu.
Ben Mears é um escritor que volta para a cidadezinha onde morou quando criança, Jerusalém Lot, Nova Inglaterra, pra escrever mais um livro e, por conseguinte, exorcizar de vês algo sombrio que lhe aconteceu quando foi realizar uma tarefa na mansão Marsten, que fora abandonada após uma tragédia.
Estando na cidade, Ben descobre que além da desconfiança dos moradores, a cidade lhe reserva outra surpresa: o mal voltou a habitar a Mansão. Cabe a ele e mais um grupo de pessoas a tarefa de extirpar essa nuance maligna mas, claro, não será nada fácil, afinal, o que assombra a cidade é nada mais nada menos que o "Rei" dos vampiros.
Apesar de apresentar vários personagens, podemos destacar três como principais: Padre Callahan: um sacerdote que vive em luta pra se livrar de seus demônios engarrafados e que aguarda a verdadeira luta com o mal; Mark Petrie: um jovem e engenhoso garoto que logo descobre que a cidade tem seus dias contados; e nosso escritor que vive entre seus medos antigos e o amor da jovem moradora local, Susan Norton.
Como de praxe em suas escritas futuras, King vai dissecando muito da rotina local e a psique dos personagens, antes de voltar sua caneta para o mal. Ficamos muito familiarizados com muitos dos moradores e quando o terror chega, é difícil não sentir um nó na garganta ante a perspectiva de vê-los sucumbirem ao rei das trevas. Mas, quando isso se dá, é difícil não sentir um "medinho" e torcer pra ter entre seus pertences um terço ou um "cálice" de água benta.
Como visto em "Carrie" e, posteriormente em muitos outros livros de King, a religião é retratada de forma pouco ortodoxa. Em Carrie, vemos isso na forma repressora e opressora que a mãe dela conduz sua educação. Aqui, fica por conta da figura do Padre Callahan, que além de cuidar das almas dos fiéis, tem que lutar pra não sucumbir ao vício. (Vale lembrar que no grande universo de Stephen King, Callahan torna a aparecer na série A Torre Negra - o ka é ma roda!). O embate entre o padre e o "vampiro mestre" Barlow, dá o tom dessa relação. O diálogo de início deste post entre o padre e o vampiro é o ápice dessa ideia.
Por falar em vampiro, é clara a alusão ao mais famoso dos sugadores de sangue, Drácula. Aqui, os vampiros são como os do escritor Bran Stocker: sensuais, maus, psicopatas, sem apresso nenhum pela vida humana e vivem exclusivamente pra aplacar a sede de sangue e espalhar o terror. É difícil não maravilhar-se ante esse estereótipo, haja vista como os seres da noite andam sendo retratados ultimamente.
Com um final surpreendente, Stephen King consegue nos apresentar uma obra que te emociona, te angustia, te amedronta e, acima de tudo, faz jus ao mito antigo dos sugadores de sangue.
Boa leitura.
obs.: no Brasil o livro foi publicado primeiramente com o nome de A Hora do Vampiro. Graças a Gan, mudaram o nome em edições futuras.
obs 2.: por precaução, leia com uma bíblia do lado, um crucifixo em volta do pescoço e uma estaca de madeira ao alcance das mãos e não convide ninguém pra entrar na sua casa durante a noite...
2 COMENTÁRIOS
Salem foi o primeiro livro do King que li, e também o primeiro de terror/suspense. Gostei tanto que adquiri muitos outros livros de vampiros, mas até agora nenhum dos que li supera Salem em minha opinião.
Pois então. Acho que depois de alguns livros que saíram sobre vampiros, fiquei meio assim de ler algo a respeito. Mas, claro, King é outra história. É um dos melhores do gênero que já li.
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