Editora: Círculo do Livro
Páginas: 433
Nota: 4/5
"E ela gostara daquilo. Era isso, esse era o problema.
[...] quanto mais fazia, mais podia sentir aquela coisa viva
tornar-se cada vez mais forte"
(pág. 256)
"Existem forças neste universo que ainda não conhecemos,
e alguma só podemos observar a uma distância de anos-luz
...e dar um suspiro de alívio graças a isso"
(pág. 334)
Sinopse
Andy McGee e sua esposa Vicky foram usados numa experiência
secreta enquanto eram adolescentes. Eles acabaram se casando e tendo uma
filhinha, Charlene "Charlie" McGee. A menina acabou herdando os genes
modificados dos pais, e nasceu com o dom da pirocinesia, que significa que ela
pode atear fogo em tudo que quiser.
Resenhando
O governo
americano, em épocas de guerra fria, estava obcecado por encontrar um
medicamento que conseguisse aumentar a capacidade física e mental de seus
soldados e que pudesse ser usado como soro da verdade em interrogatórios de
inimigos. Sob a luz deste paradigma, muitos são os relatos de experimentos em humanos
com drogas alucinógenas que visavam esses fins. É sobre esse pano de fundo que
Stephen King escreveu o romance A Incendiária.
Desde o inicio
do livro, é possível notar que a vida de Andy McGee e sua filha, Charlie, serão
pautadas pela busca de algum refúgio longe das garras da Oficina – organização governamental
que, anos atrás, conduziu experimento com medicamentos como os citados no
primeiro parágrafo.
A vida de Andy
começou a descer para o abismo quando ele, em busca de alguns trocados,
resolveu participar de um desses experimentos com alucinógenos. Lá, ele
conheceu o que seria sua esposa e futura mãe de sua filha, Vicky, e também,
acabou desenvolvendo um capacidade telepática – assim como Vicky. A mescla de
gametas de ambos gerou uma filha com uma capacidade fantástica: pirocinesia.
Charlie era capaz de incendiar qualquer coisa com o poder da mente. Claro, o
governo sabia que uma “arma” como essa seria de importância estratégica sem
igual e não mediu esforços pra tê-la sobre seus auspícios. É, na fuga de Andy e
Charlie e como a menina vai aprendendo a controlar este poder que consiste o
livro.
O prolixismo de
Stephen King talvez seja sua maior característica como escritor. Mais
importante até do que o viés sobrenatural. Muitos de seus livros não contam com
monstros, passagens para outras dimensões ou poderes mentais, mas quase todos
usam e abusam de um detalhismo que pode cansar o leitor e tornar a escrita
enfadonha. Mesmo assim, é inegável salientar que o poder que o excesso de descrição
das escolhas e pensamentos dos personagens tem um efeito forte sobre nós: a
capacidade de nos importarmos ou odiarmos os personagens. A história é tão bem
contada que a impressão que temos é que conhecemos cada um dos personagem como se
fossem nossos amigos ou desafetos. Torcemos por eles ou vibramos quando um ou
outro morre.
N’A Incendiária,
não foi diferente. Acompanhar todo o sofrimento de Andy e sua filha na busca de
se verem livre da garras do governo chega a ser angustiante como ter de tirar um
prego encravado na própria carne. Somado a isso, temos de equacionar o fato de Andy ser meio ingênuo e ainda ter
de manter as forças erigidas mesmo com tudo de vil e catastrófico pelo que
passou sabendo que, não só sua vida mas a de sua filha dependem dele.
A Incendiária
está longe de ser um dos melhores trabalhos de King, porém figura muito acima dos livros do gênero. Ao
final do livro, há um sentimento de injustiça mesclado com esperança que faz
levar o livro consigo um pouco além do ponto final. E isso, talvez seja o que
de melhor a literatura pode proporcionar.
Boa leitura.
2 COMENTÁRIOS
Obrigada pela dica de cinema. Eu definitivamente verei o filme Incendiaria. Amo os filmes de Stephen King. Faz pouco outra das adaptações cinematográficas da sua obra foi A Torre Negra 2017. Eu recomendo se ainda não tiveram a oportunidade de vê-lo. Foi uma surpresa pra mim, já que foi uma historia muito criativa que usou elementos innovadores. É um filme bom e muito interessante. Além realmente teve um elenco decente, elemento que nem todos os filmes deste gênero tem. Acho que Idris Elba e Matthew McConaughey foram uma parte importante do excelente filme. É uma historia que vale a pena ver.
Olá Julieta, tdo certo?
Que bom que tenha gostado. Também sou bem fanático pelas obras de King, mas, confesso que esperava um pouco mais da A Torre Negra. Não sei, mas os livros compõem a minha saga literária favorita. Acho que por conta disso esperava um pouco mais. Não que tenha sido um filme ruim, longe disso. No fim acho que minha expectativa muito elevada me atrapalhou...
Abraços!!!
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