Toda vez que penso no meu passado, e creia-me, depois dos trinta pensa-se muito nisso, minhas memórias quase sempre me levam por aquelas pessoas que tanto fizeram parte da minha vida. Verdade seja dita: a grande maioria daqueles que tive a honra de conviver nem sei o que andam aprontando. Se casaram, realizaram seus sonhos, se são felizes, se ainda estão vivos...
Independente
disso, é notável como somos moldados por aqueles que chamamos de amigos. Nossa forma
de pensar, de agir, de viver, reparando ou não, é inadvertidamente influenciada
por aqueles que deixaram um pouco deles em nós. Somos, ainda que em uma parte
ínfima, reflexo daqueles que gostamos. Sendo assim, poderia até escrever algo
sobre a sabedoria de escolher correto nossas companhias e todo este blá, blá, blá, mas não vou. Até porque, isto é muito relativo. Se creio piamente que nossa forma de navegar neste mundo é influenciada por nossos amigos, muitos do que foram nocivos a nós no
passado, podem servir de exemplo hoje para que não esbarremos em algum iceberg
por aí.
Desta
forma, o que me resta? Bem, alguma coisa.
Em
um texto que escrevi outro dia, um dos que mais me orgulho de tê-lo escrito por sinal (para ler clique AQUI) havia me comprometido a falar sobre
amizade.
E aqui vai.
E aqui vai.
Amigo
é um cargo por vezes ingrato. Mesmo que tenham sido nosso verdadeiro
pilar de sustentação durante um bom tempo de nossa curta existência, basta um
leve deslize para que atiremos para outra galáxia tudo que bom e lindo que foi erigido
outrora. Pecamos por exigir demais de nossos camaradas.
Sempre
sonhamos, pedimos e desejamos que nossos mais fiéis e leais amigos sejam
benevolentes conosco e entendam que por vezes erramos, afinal, somos humanos. Porém,
nem sempre usamos esta métrica em favor do outro. Queremos uma perfeição quase
religiosa e, meus caros, isto não existe. Somos falhos, por vezes chatos e
falsos, inconsequentes, e um monte de adjetivos ruins que você pode encontrar no Google. Mesmo assim, esperamos a compreensão dos nossos verdadeiros amigos. Por
que, então, agimos assim?
Difícil responder!
Difícil responder!
Amizade
é algo belo, forte e importante demais para nos atermos a coisas menores que o amigo em questão. Amigos são e sempre serão nosso elo mais forte com aquele tipo
de amor que atravessa eras. Aquele tipo de amor que não espera muita coisa em
troca. As vezes, uma boa conversa ou um sinal de apoio já são suficientes pra
tornar mais fácil aquele caminho cheio de pedregulhos e espinhos.
Costumo
dizer que meus amigos são vários, mas não por soberba e por me achar especial e sim por que vejo o mundo
da amizade por uma ótica distinta. Não acho que o amigo precise estar sempre
conosco nos momentos difíceis. Tem horas que o mais leal e fiel amigo não sabe
e nem está preparado para nos ajudar. Mas, olhando para o lado, pode ser que
exista uma outra pessoa que pode nos ajudar. Sempre penso em como as coisas se arranjam pra que cruzemos com pessoas fantásticas. Não porque nos completam ou por que não viveríamos sem ela. Nada disso. Mas porque, ainda assim, é escolha nossa querer ficar perto. E,
as vezes, ser amigo é só partilhar momentos felizes mesmo. Quem sabe o milagre
que uma tarde de sol em boa companhia pode operar num futuro incerto?
Sempre
que olho aquelas pessoas que são amigos há tempos, fico feliz em saber que, provavelmente,
muitas coisas de ruim aconteceram com eles, mas que isso não impediu que um
visse no outro uma parte de si e seguiram adiante com a sombra do outro pairando nos momentos difíceis. As vezes fica aquela marca, tipo uma
tatuagem, que doeu pra fazer mas quando olhamos, nossos olhos transbordam de
emoção. Em suma, é só um estigma de que o outro não é perfeito. Assim como nós.
Agora,
com meus trinta e poucos anos (há momentos que penso estar com 18, outras com 70, vá
entender. Geminiano, né?) vejo como sou muito daquilo que absorvi dos meus pares.
E quando este sentimento nostálgico me invade, torço para que eles, meus comparsas,
também tenham absorvido algo bom deste que vos escreve. E que, onde quer que
eles estejam, sendo aqui ou em outro plano, em outro onde, que recordem das melhores partes de
mim que está com eles sendo um nosso Eu, que está por aí sendo maior que
nós mesmos...