"Lutamos para sermos reconhecidos como seres humanos..."
Malcolm
X passou para a história como um defensor ferrenho do povo Afro-americano sendo um sujeito muito controverso por conta dos métodos que ele julgava válidos para essa defesa que, contrastavam muito com seu contemporâneo,
Mathin Luther King Jr. Enquanto o segundo pregava uma revolução não violenta o
primeiro via na violência um meio possível para alcançar um fim. Porém, colocar
Malcolm apenas como um ativista violento é reduzir em demasia a vida deste
cameleão que nos anos de 1950/60 foi um símbolo pela luta dos direitos da
negritude e, mais para o final da vida, também dos direitos humanos.
Nascido
em uma família pobre do meio oeste americano, Malcolm Little teve uma infância
marcada pela pobreza. Seu pai faleceu quando ela tinha seis anos e, ao que tudo
indica, fora assassinado por algum grupo de supremacistas brancos. Desde cedo,
Malcolm ficou a par das questões da opressão dos negros norte americanos já que seus pais faziam parte de grupos que lutavam por igualdade entre os indivíduos.
Porém, por muito tempo, Malcolm não se interessou de forma ativa pela causa e
isso é uma das principais características dele: suas metamorfoses.
Sua
vida foi um looping intenso de mudanças que torna toda e qualquer análise retilínea
dele um equivoco. Foi, desde um sujeito que só queria "se dar bem" neste mundo, lançando mão de práticas nada "católicas" - foi traficante, cafetão, ladrão..., nesta época era conhecido como Detroid Red - até trabalhou como vendedor ambulante em linhas de trem. Porém, sua vida muda mesmo quando é preso e, na cadeia conhece o culto muçulmano “Nação do Islã”. Como ministro desta seita, Malcolm projetou uma imagem de um homem habilidoso verbalmente e implacável
na busca pelos seus direitos e de seu povo. E para entender suas ideias é importante entender a seita.
A
Nação do Islã é um grupo religioso qfundado por Wallace D. Fard Muhammad
em 1930. Sua teologia é, no mínimo, bizarra: Fard pregava que o homem branco surgiu
através de técnicas de disgenia criadas pelo cientista Yacub. Este perdera o
controle de sua criação pois os brancos, segundo a Nação, seriam os próprios demônios
que passaram a escravizar os negros.
Malcolm
teve contato com esta seita quando estava preso e logo se sentiu atraído pela
ideia pregada por ela de separação total de raças diferentemente do que
pregavam a maioria dos ativistas pelos direitos dos negros a época – mais notadamente
o pastor batista Martin Luther King Jr. (esta “rivalidade” entre ambos seria
usada para compor as características de dois personagens muito famosos de HQs:
Magneto e Professor X). Quando sai da cadeia Malcolm Little passa a ser
denominado de Malcolm X e se torna o grande porta voz da seita sendo o principal
responsável por sua disseminação.
Muito
eloquente, Malcolm costumava chamar atenção por seus discursos inflamados onde
conclamava os negros a não se curvarem diante da opressão. Pelo contrário, se
fosse preciso realizar uma resistência violenta, armada, que assim fosse (muito de suas ideias acabaram por inspirar m outro grupo, "Os Panteras Negras"). Essa defesa
da violência como meio de conseguir seus espaço na sociedade, ecoou nos ouvidos
e mentes de muitos negros, principalmente pobres, que estavam cansados do
racismo e viram em Malcolm e na Nação um caminho a se seguir e uma valorização
de seu povo. É até interessante notar que na defesa da separação das raças,
Malcolm e a Nação chegaram a simpatizar com a Klu Klux Kan por ambos defenderem
a não miscigenação.
Devido
a problemas internos com o líder da
seita Elijah Muhammad e seus filhos, Malcolm acaba expulso da seita e nos anos
que antecederam seu assassinato, passa a enxergar que é possível uma
convivência harmônica entre indivíduos de cor de pele diferente. Porém, os
desafetos que Malcolm já havia conseguido dentro da Nação do Islã (membros da
nação atearam fogo na casa de Malcolm quando este fez denuncias sobre os casos extraconjugais
de Elijah, por exemplo) o impediram de continuar sua caminhada em uma vivência
mais harmônica com seres de todos os povos.
“Malcolm
X: Uma vida de reinvenções” é um livro que aborda a vida de Malcolm como um
todo. Desde seu casamento claudicante (com suspeitas de traição por ambas as
partes); as investigações de seus passos pelo FBI e até suas contradições –
como se aliar a Klu Klux Klan, entidade que lutou e muito para tornar pior a
vida dos negros. Este é um livro que lança luz sobre vida de um homem que de forma torta porém implacável
lutou para ter o sonho de ver a povo
negro não sendo mais discriminado e violentado por questão referente a sua
cor.
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Malcolm X: Uma vida de reinvenções. (Malcolm X: A life of reinvention, EUA, 2011)
Páginas: 648
Autor: Manning Marable
Editora: Companhia das Letras
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