[RESENHA] Hamlet, de William Shakespeare

Ano de lançamento: 1591-1595
Editora: L&PM
Páginas: 141
Nota: 5/5
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"Há mais coisas no céu e terra, Horacio, do que foram sonhadas na sua filosofia"
(Ato I, Cena V)

"Nada é bom ou mau em si; depende do julgamento que fizermos"
(Ato II, Cena II)

"Ser ou não ser, eis a questão."
(Ato III, Cena I)

William Shakespeare é considerado por muitos o maior dramaturgo britânico. Apesar de soar pretensioso, principalmente para alguém que consegue atingir as massas, o título não é à toa. Shakespeare conseguiu como poucos autores, penetrar na alma humana e trazer à tona o que de mais puro, nobre, mesquino e atroz existe. Nesta peça o britânico nos leva por uma trama de traição, morte e vingança que até hoje nos encanta e fascina. 


Dando seguimento a minha leitura dos clássicos da literatura (para saber mais, click AQUI ), eis que desbravo uma das peças teatrais mais famosas de todos os tempos: Hamlet. Escrita naquilo que os especialistas chamam de segunda fase das obras de Shakespeare, que tem como principais temas, tragédias grandiloquentes e comédias amargas, essa fase do autor é tida por muitos como o tempo em que o mesmo usou de forma mais grandiosa seu talento. São desta fase, as peças  Hamlet, Júlio César, Otelo, Macbeth, Antônio e Cleópatra.


Apesar de que muitas das coisas apresentadas por Shakespeare só serem totalmente compreendidas tendo em vista o contexto histórico na qual foram escritas, não precisa ser um perito em história para notar a sutileza de suas. Em Hamlet, dentre tantos sentimentos vividos pela psique humana, um se sobressai: vingança.

Hamlet, narra a história do personagem que dá titulo a peça em sua trajetória para vingar a morte do pai, o Rei da Dinamarca. Algum tempo após a morte do rei, o tio de Hamlet, Cláudio, casa-se com a mãe do príncipe, Gertrudes. Hamlet que não gostara da rapidez na qual as coisas ocorreram, fica mais transtornado ainda quando descobre que o pai fora envenenado pelo irmão Claudio. Hamlet fica sabendo disso através do espectro do rei morto que voltou para lhe avisar do ocorrido e suplicar que o filho o vingue.

Sempre que se pensa em Shakespeare, principalmente na peça Hamlet, uma imagem que vem automaticamente a cabeça é a de um homem segurando um crânio proferindo a célebre frase: "to be or not to be, that is the question". Apesar de bacana esta imagem, as coisas não ocorrem bem assim. O crânio sendo segurado e a célebre frase ocorreram em momentos distintos. Mesmo assim, é impossível não se maravilhar com as tantas frases que o autor consegue conceber e que, em poucas palavras, conseguem traduzir um turbilhão de sentimentos. Isso se deve, além de o autor ter um conhecimento amplo da alma humana, pelo fato dele dominar de forma magistral a língua inglesa. Seu conhecimento do idioma faz com que ele consiga explicitar as nuances da personalidade humana através de poucas  palavras.

Outra característica de Shakespeare bem marcante, é a forma como seus personagens vão mudando ao longo da história. 

Após descobrir a real ocasião da morte do pai, Hamlet acaba entrando num estado de confusão mental que o deixa no limiar da loucura. As atitudes que o personagem vai tomando no decorrer da história, mesmo justificáveis e compreensíveis, acabam por ter desdobramentos trágicos para muitos a sua volta. 

Em sua saga por vingança, Hamlet acaba tendo participação na morte de Ofélia – filha de Polônio, conselheiro do rei Claudio. Após determinados acontecimentos, que implicam na morte de Polônio, no qual Hamlet está diretamente envolvido, Ofélia, que até então nutria um sentimento especial por Hamlet e que era recíproco, não suporta a perca do pai e acaba por dar cabo a própria existência; sua mãe também foi uma que sofreu com esta saga de vingança. Apesar de Gertrudes falecer ante as maquinações do atual marido, isso foi consequência direta da vingança do príncipe.

Outros temas também são debatidos pelo autor na obra. Medo, incesto, maquinações, inveja, traição... Shakespeare conseguiu transpor para os palcos, toda a complexidade da natureza humana através de seus personagens: medo e  coragem; amor e ódio; homem e mulher; medo do além e um afã de ter com ele; tudo recheado com a triste ideia de que a injustiça  e a incerteza da vida não poupam nem plebeu,  nem  rei. 

O final apoteótico da peça consegue fechar com magnitude todo o escopo traçado pelo autor. O duelo traçado por Hamlet e o irmão de Ofélia, Laertes, é de encher de nervosismo o espectador, principalmente por saber que ambos, Hamlet e Laertes, são peões nas mãos do jogador Claudio.

Após ler Hamlet, você perceberá porque o autor é tido por muitos como o maior dramaturgo da língua inglesa. Leia e não deixe de se maravilhar com esta obra prima.

Boa leitura.


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