“UM POR TODOS E TODOS POR UM”.
Se você mora no planeta
Terra ou, ao menos veio a este pálido ponto azul só de passagem, já deve ter
ouvido o bordão acima. Trata-se da celebre frase imortalizada nas páginas do
romance “OS TRÊS MOSQUETEIROS” de Alexandre Dumas. Já tinha assistido algumas adaptações
desta obra, porém, jamais me dignifiquei a ler a obra original. Partilho com
vocês que foi uma experiência fantástica destrinchar às 626 págs. da obra.
D’Artagnan saiu da
Gasconha rumo a Paris com alguns trocados (quinze escudos), um cavalo desengonçado,
uma carta de recomendação de seu pai para o comandante dos Mosqueteiros, senhor
de Tréville e um conselho, também de seu pai, de que não deveria tolerar nada
senão do senhor Cardeal ou do Rei.
D’Artagnan foi para Paris
com um sonho em mente: tornar-se mosqueteiro. Entretanto, desde o inicio, a
vida do nosso “dom Quixote” foi cheia de surpresas, entreveros e aventuras.
Voluntarioso e de pavio
curto, D’Artagnan não hesitava em puxar a espada e chamar quem quer que fosse
pra luta. Mas não contava que logo de sua chegada a Paris, quando de sua
primeira desembainhada de espada, teria sua carta roubada por um ser misterioso
e que teria sua trajetória cruzada com uma madame linda, cativante,
inteligente, perigosa e, acima de tudo, cheia de segredos: Milady.
Quando chega a presença
do senhor de Tréville, almejando a tão sonhada aceitação para os Mosqueteiros,
D’Artagnan acaba se desentendo com três Mosqueteiros: Atos, Porthos e Aramis,
marcando um duelo com cada um com intervalo de uma hora entre cada.
Ironicamente, desta querela, surgiria uma amizade tão bonita e forte.
Nossos quatro cavaleiros
irão se envolver em uma aventura seguida de outra sem, no entanto, desconfiar
que todas elas estão, de certa forma, interligadas.
O cenário estava montado:
um Cardeal que por motivos peculiares não gostava da Rainha; uma Rainha com
sentimentos recíprocos em relação ao Cardeal; um conde Britânico apaixonado por
uma Rainha confusa com relação aos próprios sentimentos; um Rei dependente em
demasia dos conselhos do Cardeal. Aí você me pergunta: e os nossos quatro
amigos, onde entram nisso?
Tudo começou quando um
dia o senhorio de D’Artagnan pede-lhe que encontre a sua esposa que fora
raptada, dona Bonacieux. Posteriormente, dona Bonacieux pede a intervenção de
D’Artagnan pra salvar Rainha da ardilosa armadilha do Cardeal no caso das
Agulhetas de ouro. Daí em diante D’Artagnan e nossos três mosqueteiros, irão se
envolver em intrigas políticas entre França e Inglaterra do séc. XVII com
participação decisiva na Guerra entre as duas nações.
Sem sombra de dúvidas, OS
TRÊS MOSQUETEIROS é um dos melhores livros que já li. História cativante e
envolvente, muito bem escrita (perdi as contas de quantas palavras novas
aprendi!!!). Alexandre Dumas consegue mesclar personagens fictícios com
personalidades históricas com maestria. É interessante observar, também, a
grande aula de história sobre França e Inglaterra.
É bacana observar como
Dumas consegue imprimir uma complexidade aos nossos cavaleiros: Atos: nosso
cavaleiro com ares de Sir, erudito e calado que, devido a problemas do passado,
tem problemas que afetam a vida de nosso mosqueteiro; Porthos, o grandalhão
fanfarrão e conquistador nato; e Aramis, nosso aspirante a padre (o mais
“misterioso” dos amigos), que eventualmente se entrega aos prazeres terrenos.
Além das aventuras,
podemos ver como Dumas explora as paixões e fraquezas humanas mostrando que por
vezes, nada além de anseios particulares, norteiam a vida de quem está no
poder.
“D’Artagnan se admirou
dos fios frágeis e desconhecidos a que às vezes estão suspensos os destinos de
um um povo e a vida dos homens” – pág.208.
Um aspecto bem forte na
narrativa (além, é claro, das cenas de luta) são os casos amorosos que, de
certa forma, permeia tudo que se passa.
Se você já assistiu
alguma adaptação da obra, peço-lhe que não deixe de ler o original, pois tenho
certeza que irá se apaixonar pela história.
Livro mais que
recomendado!!!
Obs.: ALERTA DE SPOILER –
leia por sua conta e risco!
tenho de lhes revelar que
fiquei muito triste com o futuro da senhora Bonacieux. Torcia muita pra que ela
ficasse com nosso Gascão.
Boa leitura.
Os Três Mosqueteiros (Les Trois Mousquetaires - 1844)
Páginas: 626
Autor: Alexandre Dumas
Editora: Ediouro
Nota: ★★★★★