[RESENHA - Conto] A História da Sua Vida, de Ted Chiang



Se você soubesse exatamente aquilo que vai ocorrer em todos os momentos de sua vida, não como uma probabilidade matemática, mas como uma certeza física, qual seria sua atitude? Iria ao local onde você sabidamente encontraria a pessoa que futuramente será o grande amor da sua vida e que será o motivo de sua maior tristeza? Assinaria aquele contrato de trabalho com aquela firma que não reconhecerá seus esforços mas que lhe ensinará muito sobre sua profissão e sobre sua vida? Em suma, seguiria todo o script da sua vida passando por todas as alegrias e tristezas inerentes a qualquer pessoa mas, que no seu caso, não seriam surpresas mas sim, a concretização de seu papel?

[MEMÓRIAS] ...é que o passado me traz uma lembrança!


Tudo sempre parece mais claro quando olhamos pra trás...



Não sei se é a idade chegando ou sei lá o quê - talvez a crise dos trinta anos, mas, ultimamente ando pensado muito na minha infância e início de adolescência. Mais precisamente naquela idade que não se é mais aquela criança ingênua, mas que ainda não é o adolescente revoltado com os pais, o governo e o universo. Uma fase da vida que ainda carrega em si um pouco daquela fantasia natural de mentes prodigiosas. É como se olhássemos para o tecido do espaço/tempo e não enxergássemos a ordem das coisas. Era tudo junto: era uma trama cósmica sem futuro, passado ou presente.  E, uma dessas nuances desta época que invade meus pensamentos e transborda o peito aqui, são das pessoas que partilharem este tempo com este vos escreve.

Antes de ler estes apontamentos, desça até o fim desta postagem e dê play na apoteótica música Poema, Ney Mato Grosso. Não, não é obrigatório mas eu gostei de ouvir a música  - repetidas vezes - enquanto escrevia esses apontamentos.

[RESENHA] Revival, de Stephen King

Ano de lançamento: 2014
Editora: Suma de Letras
Páginas: 376
Nota: 4/5




"Não está morto o que pode em eterno jazer/

Em estranhos éons, mesmo a morte pode morrer.

Isso me deu pesadelos. É sério!
(pág. 269) 

"Não consigo parar de ver os condenados.

A fila se estende ao infinito".
(pág. 267)


SINOPSE
Em uma cidadezinha na Nova Inglaterra, mais de meio século atrás, uma sombra recai sobre um menino que brinca com seus soldadinhos de plástico no quintal. Jamie Morton olha para o alto e vê a figura impressionante do novo pastor. O reverendo Charles Jacobs, junto com a bela esposa e o filho, chegam para reacender a fé local. Homens e meninos, mulheres e garotas, todos ficam encantados pela família perfeita e os sermões contagiantes. Jamie e o reverendo passam a compartilhar um elo ainda mais forte, baseado em uma obsessão secreta. Até que uma desgraça atinge Jacobs e o faz ser banido da cidade. Décadas depois, Jamie carrega seus próprios demônios. Integrante de uma banda que vive na estrada, ele leva uma vida nômade no mais puro estilo sexo, drogas e rock and roll, fugindo da própria tragédia familiar. Agora, com trinta e poucos anos, viciado em heroína, perdido, desesperado, Jamie reencontra o antigo pastor. O elo que os unia se transforma em um pacto que assustaria até o diabo, com sérias consequências para os dois, e Jamie percebe que “reviver” pode adquirir vários significados.

[RESENHA] O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry

Ano de lançamento: 1943
Editora: Agir
Páginas: 96
Nota: 5/5
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"Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem

com o coração. O Essencial é invisível aos olhos"
(pág. 70)

"É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros.

Se conseguir julgar a si mesmo,

provará que é um verdadeiro sábio.
(pág. 39)



SINOPSE:
O Pequeno Príncipe - Um piloto cai com seu avião no deserto e ali encontra uma criança loura e frágil. Ela diz ter vindo de um pequeno planeta distante. E ali, na convivência com o piloto perdido, os dois repensam os seus valores e encontram o sentido da vida. Com essa história mágica, sensível, comovente, às vezes triste, e só aparentemente infantil, o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry criou há 70 anos um dos maiores clássicos da literatura universal. Não há adulto que não se comova ao se lembrar de quando o leu quando criança. Trata-se da maior obra existencialista do século XX, segundo Martin Heidegger. Livro mais traduzido da história, depois do Alcorão e da Bíblia, ele agora chega ao Brasil em nova edição, completa, com a tradução de Frei Betto e enriquecida com um caderno ilustrado sobre a obra e a curta e trágica vida do autor.

[RESENHA] Berlim 1945: A Queda, de Antony Beevor



Nota: ★★

"Caso a guerra seja perdida,o povo também estará perdido

[...] a nação provou ser fraca.

Os que restarem  após a batalha serão inadequados

porque os bons estarão mortos"
(Adolf Hitler)


 SINOPSE
O historiador britânico Antony Beevor narra a devastação provocada pela invasão alemã da União Soviética. Nesse livro ele conta como ocorreu a vingança, dois anos depois. Um dos atrativos dos livros de Beevor é sua capacidade de mesclar acontecimentos em vários níveis: do general comandando um exército ao soldado lidando com uma bota furada, dos líderes e estadistas traçando estratégias até as pessoas comuns tentando sobreviver.

RESENHANDO
Quando Adolf Hitler decidiu romper o Pacto de Não Agressão que havia assumido com Josef Stalin, muitos especulavam que, para o bem ou para o mal, ali seria decidido os rumos da guerra. Após uma invasão alucinante, extremamente violenta e sangrenta, o terceiro reich alimentava uma certeza religiosa de que rapidamente derrotariam os soviéticos. Todavia, os alemães perceberam que não seria fácil derrubar o exército vermelho e passaram de atacantes a atacados. Neste ponto, os alemães descobriram que tudo aquilo que haviam feito no território soviético (pilhagem, execuções, estupros e toda sorte de vilania) seriam cobrados com muito ódio e rancor.

É essa etapa da guerra, a invasão russa no território alemão, que o ex-tenente e historiador Antony Beevor narra nesta obra fantástica.

Recentemente, li um livro que trata sobre a invasão alemã ao território russo (leia sobre isso AQUI), e foi angustiante ver como as coisas ocorreram. Hitler alimentava um ódio cabal ao povo eslavo e transferiu esse asco aos seus soldados. Uma vez que passou a ofensiva, o exército vermelho não se permitiu ser menos cruel que o terceiro reich. Antony Beevor nos apresenta como foi a vida naquele período. Desde a vida do soldado no front de batalha, dos generais decidindo o rumo das batalhas e das pessoas comuns que se viam desesperadas tentando sobreviver a mais um dia.

Muito do que é relatado aqui já é bem conhecido por inúmeros livros, documentário e relatos sobre o tema. O que pode-se destacar nesta obra são: a riqueza de detalhes do cotidiano do cidadão comum; as intempéries dos soldados e suas glórias; a destruição e ausência de piedade por parte dos soldados.

Enquanto Hitler se fechava mais e mais em sua paranoia causando percas irreparáveis à uma Alemanha à beira do colapso, Stalin seguia firme na sua saga de destruir o rival, além de conseguir dobrar os governantes ocidentais à sua vontade – talvez a exceção seja Churchill que, assim como havia previsto o que Hitler se tornaria anos antes, sempre manteve um pé atrás com Stalin.

Mas, de longe, o que mais causa desconforto a estarrecimento com os relatos presentes no livro, são a quantidade de estupros e vilanias cometidas pelo exército vermelho.

Quando da invasão alemã sobre a Rússia, os soldados do terceiro reich não se fizeram de rogados em aterrorizar a população. Tendo isso como combustível, os soldados de Stalin cometiam estupros coletivos de forma extremamente natural. Era o revanchismo, diziam eles. Mulher de 10 aos 70 anos não eram poupadas sendo violentadas diversas vezes. Há casos de mais de vinte soldados se revezando em violentar uma mesma mulher. Muitas ainda tinham de conviver com as doenças venéreas contraídas, filhos indesejados e a repulsa de maridos ou namorados que às julgavam culpadas pelo que ocorreu. Antony Beevor trás isso à tona sem amenizar nada. É triste notar o que pode se tornar o ser humano em situações extremas.

Nos últimos capítulos, vemos como Stalin consolidou seu poder na URSS, inclusive, perseguindo seus generais mais destacados na guerra – em especial o General Zhukov – pra evitar de que alguém lhe roubasse os louros pela vitória.

Apesar de ser meio maçante em alguns momentos, principalmente nas descrições das manobras e táticas de batalha, o livro é muito bom. Se você tenciona aprofundar-se neste período escuro da humanidade, é um livro mais do que indicado. É um belo exemplo de como uma guerra pode ser devastadora para seu povo e só aqueles que ficam livres em seus bankers é que realmente ganham com ela.

Boa leitura.

Berlim 1945: A Queda (Berlin: The Downfall 1945, 2002)
Páginas: 604
Autor: Antony Beevor
Editora: Record
Comprar: AMAZON

[RESENHA] A Incendiária, de Stephen King

Ano de lançamento: 198o
Editora: Círculo do Livro
Páginas: 433
Nota: 4/5

"E ela gostara daquilo. Era isso, esse era o problema.

[...] quanto mais fazia, mais podia sentir aquela coisa viva

tornar-se cada vez mais forte"
(pág. 256)

"Existem forças neste universo que ainda não conhecemos,

e alguma só podemos observar a uma distância de anos-luz

...e dar um suspiro de alívio graças a isso"
(pág. 334)



Sinopse
Andy McGee e sua esposa Vicky foram usados numa experiência secreta enquanto eram adolescentes. Eles acabaram se casando e tendo uma filhinha, Charlene "Charlie" McGee. A menina acabou herdando os genes modificados dos pais, e nasceu com o dom da pirocinesia, que significa que ela pode atear fogo em tudo que quiser.

[MEMÓRIAS] Lembranças da minha infância



Lembro que quando era criança – parafraseando meu pai, “um peãozinho sem CPF” – uma das coisas que mais me alegrava no natal não era o fato de estar de férias das escolas  e poder assistir televisão até tarde, ou o fato de nossa casa estar lotada de gente e minha mãe não notar a as travessuras que eu fazia: eram os brinquedos. Não necessariamente os brinquedos, mas sim a forma como recebia o brinquedo...

Meus pais, que por uma questão totalmente insana, sempre acordavam cedo e, aproveitando que eu e meus irmãos teríamos ainda algumas horas de sono, aproveitavam para (calma, calma, não é isso que você está pensando...) esconder pela casa os brinquedos que haviam comprado para nos presentear. Quando acordávamos, minha mãe fazia cara de que nada de diferente estava acontecendo e sabíamos que ele havia deixado algum regalo pra cada um de nós em algum canto escondido da casa. E sempre fazíamos isso ao som de ma boa música...

Uma coisa que sempre foi frequente lá em casa foi música. Raras foram às vezes que algum rádio ou vitrola (se você não sabe o que vitrola, lamento pela sua alma) não estava berrando alguma melodia. Normalmente, nessas manhãs de véspera de Natal, o som que embalava nossa “cassada ao tesouro”, era alguma música de Elton John. De noite, quando a carne estivesse assando e os copos de cerveja dos adultos permaneciam mais vazios do que cheios, era sempre samba/pagode que tocava mas, pela manhã, Elton John imperava impávido. Sendo assim, íamos eu e meus irmãos embalados ao som de “Your Song”, “Sacrifice”, “I guess that's why they call it the blues” e Blue Eyes”, na busca até o final do arco íris pelo NOSSO tesouro...

Se você me perguntar, não sei especificar com precisão qual foi o melhor presente que ganhei, ou o que na época me deixou mais feliz, mas hoje, alguns anos, possivelmente décadas depois, tem um presente que lembro com muita clareza que trouxe muita alegria pra mim e meu irmão...

Devia ser por volta do ano de 1994 ou 1995. Assim como muitas famílias naquela época, a nossa atravessava um período financeiro complicado. Era aquela velha máxima: muito mês para pouco dinheiro. Mas os pais, aqueles que realmente merecem o título de pais, dão um jeito de brotar um sorriso no rosto de seus filhos. E meus pais eram desse grupo, meu chapa. Então, naquele final de ano a tradição seguiu intacta: acordamos tarde, minha mãe fez sua cara de indiferente e fomos, ouvindo “Time on my hands, Could be time spent with you, Laughing like children” em busca de nossos brinquedos. Via de regra, eu e meu irmão recebíamos presentes iguais para que não houvesse briga, então, naquela ano, ambos recebemos um carretel de linha usado com uma madeira no meio que fazia o carretel rodar no próprio eixo fazendo com que a peça emulasse um pião. Aquele presente artesanal, feito e entregue pelos meus pais numa alternativa a falta de dinheiro, foi o que de melhor uma criança pode receber: amor...

Hoje, tantos anos depois, lembro deste dia com felicidade porque, apesar de querer receber um video game, ou um patins, ou um skate, o pião artesanal deu mais sentido a tudo aquilo. Todo aquele ritual (pais acordão cedo, cara de indiferente da mãe, música do Elton John, busca pelo tesouro)  não era só um modo de presentear-nos, e sim uma forma de nossos pais demonstrarem que, independente de tudo – de seus problemas, de seus erros, de suas aspirações – eles estariam sempre ali pra nos ajudar, nos proteger e dar amor. Pode alguma criança querer mais que isso? E, ainda, fazia com que nossa mente infantil vivesse toda aquela aventura de uma forma mágica e espetacular que só as acrianças sabem fazer...

Neste dia das crianças, insira no seu filho/neto/sobrinho/ou qualquer criança que eseja perto essa chama da alegria, da felicidade, do sentimento de proteção. Mostre pra ela que ainda que o mundo esteja desabando, você fará o possível para achar uma viga de sustentação e seguir a diante. Faça com que dali a vinte, trinta, quarenta anos depois, ela tenha motivos pra se lembrar daquela época que jaz no fundo da memória com aquela saudade gostosa e perceber que aquelas gestos simples fizeram milagres para aquele adulto que se formou...

E, acima de tudo, dê AMOR. Sempre que muitas coisas boas estão ausentes ou coisa ruins em abundância, é o amor que opera os verdadeiros milagres...
Faça tudo isso, de preferencia ao som do bom e velho Elton John...


[RESENHA] Rose Madder, de STEPHEN KING

Ano de lançamento: 1995
Editora: SUMA de Letras
Páginas: 478
Nota: 5/5


"Rosie teve tempo de se perguntar [...]

por que tantos homens eram maus.

O que havia de errado com eles? 
*************                       
"Sou realmente Rosie, e Rosie muito real"


Sinopse:
No dia que em saiu de casa, dando fim a um casamento de 14 anos, Rosie Daniels sabia que não seria nada fácil escapar do marido, o violento Norman Daniels. Mas, depois de 14 anos de torturas diárias e violências sexuais, Rose sabia que não teria mais nada a perder. Ao fugir, levando apenas o cartão de banco do marido, Rose tem certeza de que está entrando numa guerra sangrenta - cujo final pode ser fatal

[RESENHA] O Escaravelho do Diabo, de LÚCIA MACHADO DE ALMEIDA

Ano de lançamento: 1953
Editora: ÁTICA
Páginas: 128
Nota: 5/5



"não venha me dizer que se um homem caridoso

viesse a ser assassinado, Deus teria permitido isso

a fim de beneficiar a alma de fulano e sicrano...

Era o que faltava"
(página 54)



Não sei como funciona para a maioria dos leitores, mas comigo, só fui pegar gosto pela leitura quando já tinha meus 17 anos. Me era muito caro digerir aquelas leituras recomendadas pelos professores. Um dia, eis que sou afortunado por esse livro que abriu horizontes inimagináveis pra mim fazendo que esta história, de um serial killer de ruivos, me tornasse um amante dos livros. E, agora, compartilho com vocês, treze anos depois da primeira leitura, minhas impressões sobre esta grande obra. 

[MEMÓRIAS] Em Meus Sonhos


Estou andando pelo centro de Foz do Iguaçu (a geografia e a paisagem não são de Foz do Iguaçu mas SEI que é Foz) com uma senhora do meu lado. Não consigo ver o rosto da mulher porque ela irradia uma luz branca muito forte que me impede de ver sua fisionomia. Apesar disso, o brilho que ela emana transmite uma paz muito grande. 

Depois de caminharmos um longo trecho chegamos a um parque de diversões. Neste momento fico com medo. Não quero entrar lá. Sinto uma energia negativa muito forte vindo do parque mas a mulher que está comigo direciona um pouco da luz que ela emana e meu medo atenua-se. Olho pra céu e reparo que Órion está brilhando muito forte. Outra coisa que chama atenção é que na ponta onde estaria uma das mãos de Órion, ele tem uma carta de baralho nas mãos. A mulher que está do meu lado me chama (por outro nome do qual, não me lembro) e aponta para que eu entre no parque.